sábado, 29 de dezembro de 2012

urge ter uma memória melhor

decidir é fácil. executar também.
não mudar de ideia é que é o tchan da felicidade.

se as situações tivessem se mantido nas duas vezes eu estaria aqui nervosa por estar com alguém com todas as incompatibilidades que eu sabia que eram impossíveis de ultrapassar, no caso de ambos.

decidi não enrolar mais e cá estou, triste triste triste me sentindo sozinha e me corroendo de saudade por dentro, de ambos. e questionando cada centímetro de escolhas que até dias atrás pareciam a linha reta de um raciocínio perfeito (e olhando preços de passagens para surpreender o cara que eu mandei embora na cidade em que ele está -- espero não conseguir, mas preciso de ajuda para passar o tempo sem esse nó da porra puxando meu coração pra garganta).

a época do ano não ajuda, mas nenhuma época ajudaria... quando muito, é vital lembrar que a família e os amigos (todos viajando) amam você, por mais que o amor que parece te completar seja outro que aparentemente não existe.

sei lá. queria conseguir lembrar melhor da parte ruim pra essa falta do que fazer ficar mais parecida com a liberdade que eu queria.

sábado, 15 de dezembro de 2012

carta a um ex

Antes de mais nada, peço desculpas por esta carta e por tudo que eu me acho no direito de te dizer. Por tudo o que eu te fiz passar e todas as coisas mal explicadas. Peço desculpas pelas explosões, e pelos carinhos mais ávidos que as seguiam. Peço desculpas pela culpa que eu sinto de não ter podido ser a pessoa que eu sei que você merece.

Mas, como a gente sabe, eu nem sei. Eu nem sei direito o que eu te fiz passar, porque a gente não se viu mais. Eu deduzo, mas eu não sei. E eu queria saber. Eu queria saber não só porque eu queria tirar essa culpa horrorosa, mas porque eu queria mesmo, genuinamente, do fundo do meu coração saber como você está, e te ajudar se você precisasse, com o que fosse.

Eu queria te dizer o quanto você fica bem de azul, e o quanto eu amo quando você canta e olha para as pessoas e fica envergonhado. Eu queria te dizer que eu sinto falta de conversar contigo, sobre coisas nossas ou sobre as coisas do mundo, que também são nossas e que na maioria das vezes a gente finge que não. Eu queria poder te ligar agora, agora, e tomar uma cerveja contigo e te dizer todas essas coisas e mais umas tantas.

É muito triste amar alguém e não amar o suficiente. O amor que sobra quando a gente precisa se separar de alguém por conta de uma coisa alheia a eles tem que ir pra algum lugar, mas o meu continuou aqui. Eu não quero que tu queiras que eu te ame daquele jeito que eu não consigo, mas eu queria poder te amar desse jeito aqui, porque não fazer isso me pesa, me dói, me arranca de mim e me faz querer ficar sozinha te escrevendo coisas que eu nunca vou entregar, sobre tudo que eu talvez nunca consiga te dizer.

Eu sonho com coisas que são horríveis até pra mim, e também por isso eu te peço desculpas. Eu sonho em poder te beijar quando eu sinto tudo isso, mas sem fazer um estrago em nenhum de nós. Eu sonho em te ver beijando alguém e não sentir meu coração rasgando no meio por baixo do peito que encolhe e não solta e me congela. Eu sonho em achar isso bonito, em te saber meu como quem sabe seu um amigo aquem a presença de outro amigo não ameaça, e em saber que os dois sentimos assim. Eu sonho com tudo isso para enfim poder fazer eu mesma, em vez de morrer por dentro por não fazer o que me é natural.

Eu sonho contigo, comigo, e com tudo o que parece impossível. Sei que tenho que me resignar.

Te amo, ainda, para sempre.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Depois de tanto verbo a pessoa morre


Pensamento filosófico do dia:
Tudo passa. Até essa alegria e essa autossuficiência e essa coisa que parece que eu sou a pessoa mais eficiente e esperta e magra e maravilhosa do universo.

Enquanto não passa, menciono que ontem descobri que meu eu lá de fora terá uma coluna assinada em breve. Deus do céu, eu tenho medo.  Vou falar só sobre coisas, claro, mas mesmo assim tenho medo que todo mundo me julgue e me ache imbecil. Nevertheless, não estou cabendo em mim de felicidade. WEIRD.

Sei que vai ser horrível em muitos momentos, e tenho que saber que um dia isso vai ser odiado, como tudo na vida. Mas né, enquanto essa pessoa não morre, o verbo rolará solto e bonito e seja o que os deuses quiserem.

Feliz vida, cosmos!

sábado, 24 de novembro de 2012

Viva a solidão intrínseca da existência


Passei a vida (amorosa) inteira achando que tinha que estar com alguém. Continuo achando, até. Mas recentemente descobri que venho desenvolvendo um senso de valor que passa diretamente pelas coisas que eu faço, ou que eu consigo fazer. Tem a ver com tempo, com capacidade e com disposição. Mas principalmente com disposição, genuína.

Nunca escrevi tanto, e nunca pensei tanto sobre isso. O que é que é aquela coisa que só eu, do meu jeito, conseguiria falar, escrever, musicar ou plasticar sobre de um jeito que acrescentasse de verdade alguma coisa no mundo? O que é o fator de interesse da minha essência artística e, consequentemente, humana? Estranho estar pensando nisso antes de, de fato, botar alguma coisa no mundo de verdade. Mas é, talvez isso seja uma pista...

Agradar o público e o cônjuge requer força, estrutura, tempo. E solidão.

{Não aquela "de verdade", que as pessoas sentem quando estão tristes e não tem pra quem chorar. Essa é triste, doída, e não produz positividade. Aliás, conheço poucas pessoas que já estiveram de fato nessa situação (preguiça ou vergonha de pedir ajuda não é a mesma coisa), e posso dizer que as que eu conheço merecem, e eu não tenho tanta pena assim.}

A solidão aqui quase podia ser chamada de consciência. A consciência de que a gente é composto de coisas que faz, de amigos que tem e de uma séria de fatores que quem decide é a gente mesmo. E sobre os quais a gente tem controle e nos quais ninguém mais manda.

Reclamar da falta de produtividade é tempo gasto sem produzir. Reclamar do namoro pelos aspectos de incompatibilidade é reflexo de estar focando nas coisas erradas, porque a vida tem que funcionar como um todo, e as incompatibilidades filosóficas superficiais com um cônjuge estão aí para serem supridas pela gente mesmo, seja com os amigos, com os livros e músicas e festas e o que quer que seja que cause brilho na existência. Cada coisa da vida é uma coisa, e todas as que eu quiser devem entrar no calendário.

Estou escrevendo aqui com tempo contado, e tem que ser assim se eu não quiser enlouquecer. Aquilo da rotina é cada vez mais doce, me sinto quase burra de não ter notado antes o quão elementar é tudo.

Time's up, bora trabalhar mais um pouco, aproveitando que eu gosto do que eu faço.

:D

P.S.: Fumei normalmente desde o segundo dia da minha resolução. People are flawed, but well-intentioned. Um dia eu chego lá. (destaque para o aperto no peito que dá escrever isso, a culpa ainda vai me dar uma úlcera antes do cigarro)

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

decisões difíceis para uma vida melhor


Parei de fumar, hoje é meu segundo dia. Não quero mudar de ideia, por isso estou escrevendo aqui.

Há uma semana eu tanto fiz que consegui pó. Depois de uma noite com uma curva de diversão extremamente descendente, eu disse que, pelo menos até o ano que vem, no more. Só que neste fim de semana fiz de novo. E olha que eu disse que não ia fazer porque foi ruim. E mesmo assim eu quis depois. Incrível, não?

A questão toda é a inconsequência, é aquela sensação momentânea de que a ação x não vai causar problemas, quando no fundo você já sabe que sim. Dependendo da droga isso se manifesta mais ou menos rápido, mas o princípio é o mesmo. E, infelizmente, eu não sei “reduzir”. Continuar e tentar me controlar não tem valido a pena, e neste fim de semana fiquei fisicamente doente por causa da junção do cigarro (em excesso, afu) com o resto do que eu tinha dito que não ia mais fazer.

Anyway, só pra registrar que parei de fumar. Um fator a menos para a morte prematura. ;D

Agora já ta me dando vontade, mas tenho que ser forte. Vai ser bom. Mimimi. :~

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

the humming person in the back

http://grooveshark.com/s/Sonata+No+17+K+570+II/zfq14?src=5

ouvi isso agorinha, trabalhando.
tenho certeza de que tem alguém cantarolando algumas partes, bem no fundo. talvez o pianista, ou o próprio maestro.

isso me fez pensar que sempre tem alguma coisa a mais rolando na cabeça quando a gente executa qualquer coisa, principalmente artística.

tenho ouvido uma vozinha de vez em quando, cada vez que uma ideia de conto ou um conceito de teoria me atinge. não é uma voz física, claro, não estou alucinando. é como uma sensação, como alguém cantarolando ao fundo as partes importantes do raciocínio, como quem passa o dedo pelo texto para ajudar a leitura.

o que será que, no fundo, eu estou dizendo pra mim sobre o que eu quero escrever?

céus, essa é a diversão mais tensa que eu já experimentei. e olha que o páreo é duro!

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

conselho musical e comentários aleatórios

cada vez que eu entro aqui me dou conta de como estou sempre na mesma, confusa com o mundo, enlouquecida por causa de algum cara, real ou não, e me odiando porque não produzo o suficiente e só quero me chapar.

faço votos de só escrever sobre coisas ou escrever ficção ou tentar poesia ou parar de vez. mesmo que ilustrativamente, urge refocalizar a produção ou parar.

digo votos, porque né, além de tudo nunca se sabe se o comando vai executar o que a gente decide como um todo que é o melhor a fazer. roleta russa das próprias promessas a gente vê por aqui.

comentário do dia: descobri Maperque no Grooveshark agorinha. nem todas servem, mas gostei.

comentário do dia II (pra gente ver que quando começa consegue): estou revendo Twin Peaks depois de ter lido o diário e visto o filme e etc. never gets old.

feliz ressignificação da (minha) existência pra geral aí.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

epifania forçada, alegria de viver todo dia e marcador novo.

ia usar esta manhã para escrever (ou começar) um conto que me ocorreu no finde. infelizmente, fui informada de que minha irresponsabilidade com relação a levar documentos a uma consulta médica, combinada com a boa-fé da secretária, vai me render ter que tapar o buraco no salário dela. tipo, agora, tenho que sair de casa.

ao mesmo tempo, veja só, papai está me ajudando a organizar as ideias internamente, e eu acho (acho) que está funcionando.

sobre as crises da semana passada, estou aprendendo a encarar a rotina de uma forma positiva. afinal, a diversão pode até ser menos intensa, mas a saúde e a produtividade melhoram. e a culpa diminui litros. e assim, não quero soar derrotista ou conformada, mas realmente estou disposta a baixar os altos pros baixos  ficarem um pouco mais altos. chega de montanha russa.

ok, time's up. ainda tenho que descobrir o tamanho do rombo.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Again and again


Era melhor quando esse tipo de conversa estava radicada em Buenos Aires. Menos de duas horas de distância é difícil.
Era melhor quando eu tinha motivos. Quando não tem é difícil.
Era melhor quando eu achava que a culpa era dele, mesmo que vagamente. Assumir a culpa é difícil.

Eu não consigo chegar ao cerne do quanto isso é horrível. Eu achava que tinha tido sorte de não ter ligado as trompas ainda. Agora quero me jogar da janela e espatifar elas junto com o corpo todo, de puro ódio do mecanismo interno de distração (ia escrever sedução, mas estou começando a achar que o centro da coisa não é esse).
Um amigo querido e ocupado e disciplinado me mandou usar melhor o meu tempo (e basicamente parar de bobagem). Eu realmente devia fazer isso. Há meses. Estou escrevendo e chorando ao mesmo tempo, porque não consigo fazer as coisas que preciso e só quero fazer as coisas que não posso, e pensar em fazer sem fazer é horrível e pensar em sentir é pior, além de ser retardado e contraproducente e eu estou cansada de tudo, inclusive dessa porra de chuva.

Estou cansada de mim. Queria dormir.

Dormir com tudo feito, por mim mesma, e com o homem que eu escolhi, sem mudar de ideia.

E um pônei rosa, claro.

E pra ser completamente sincera, estou cansada até deste blog de merda.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

I miss the game


A notificação vermelhinha foi como outra qualquer, à primeira vista. Um moço, que ela conheceu um dia antes, em umas dessas discussões ideológicas nas quais as pessoas falam muito e ninguém convence ninguém de nada. Tinham concordado, embora não completamente, e ele tinha um aspecto simpático e um ‘quê’ porteño. Claro que na internet a pessoa tem que ser muito chinela pra não parecer interessante, mas ainda assim, pelo menos ele não era muito chinelo.

Maiúsculas, acentos, pontuação no lugar. Até demais... mas ótima velocidade de digitação e excelente compreensão da vadiagem intrínseca ao ser humano. A conversa fluiu bem de mais, até que ela não teve mais como disfarçar que sabia o que estava acontecendo. Elogios geralmente entregam os caras, e esse era particularmente doce.

O problema é que a única alternativa realmente honesta seria não ter aceitado o convite. Até o aceite pode ser considerado o que o querido leitor quiser, e ela sabia que era exatamente isso, justamente porque tinha gostado daquela fotinho cercada de palavras (beleza nunca foi um must – já coolness...). A banda dele era bem mais ou menos, mas quem se importa? Pelo menos com as influências ela não tinha nenhum problema, pelo contrário.

Decidiu pela honestidade relativa e abriu o jogo na deixa seguinte. Disse que a ineficácia do movimento não era por conta dele, mas do namorado. Não tinha certeza se era verdade, mas como o namorado era de verdade as verdades decorrentes disso ficavam confortáveis para ambos.

Pecou no excesso de simpatia, claro, não sabemos se por vaidade ou pena, ou os dois. Independentemente do motivo, continuaram listando preferências e fazendo piadas, até que as indiretas sobre lugares a ir ficaram frequentes de mais.

Pensou no namorado, primeiro a quem queria mesmo ser fiel a vida inteira, e decidiu por uma honestidade pior, pedindo abertamente o fim da conversa e apontando o flerte explicitamente. Como qualquer moço esperto faria, ele aproveitou para insistir, e por pouco não narrou os beijos que lhe daria se pudesse.

Terminaram – ela terminou – a conversa abruptamente. Continuar seria explicitamente errado, depois de tantas intimidades.

Minutos depois ele ainda enviou mais um link, de um conto sensível que ele mesmo escreveu. Ela gostou, mas não quis responder para não alimentar a interação.

Passou o resto do expediente escutando as influências da banda dele e, de vez em quando, relendo trechos da conversa.

No mundo ideal, nunca mais se falaram, e ela viveu feliz para sempre com o namorado ao qual prometeu honestidade, com a consciência suficientemente tranquila.

No mundo real, geral torce pra ela não postar nenhuma dessas músicas.

FIM.

Moral da história: gostar do game é uma merda.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

FALI

dinheiro zero, com reaizinhos de dívida.

diga lá, eu sou retardada e ninguém me diagnosticou ainda?

putaqueopariu.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

refri enquanto metáfora dos prazeres destrutivos

parei de tomar refri. desde ontem. li uma notícia sobre os malefícios, como tantas outras que li antes, e, por um motivo que eu não sei direito definir ainda, fiquei assustada e decidi, pelo menos, evitar.

conversando ontem revivi um episódio de loucura etílica no qual uma das amigas presentes decidiu parar de beber enquanto outras continuamos. foi um dos maiores papelões da minha vida, embora tenha sido muito divertido. mas o que me surpreendeu foi descobrir que a amiga que parou de beber realmente se divertiu tanto quanto eu ou mais, e sem fazer nada de que se arrependeu depois (não fiz nada grave nesse dia, mas paguei uns bons miquinhos).

falamos sobre uma possibilidade de diversão que se baseia unicamente na qualidade da interação consigo mesmo e com os outros, ou seja, em relaxar e curtir sem a ajuda de entorpecentes. e em como saber que isso é possível te dá até a possibilidade de escolher usá-los. tudo acaba se tornando uma grande relativização do bem estar, e a principal medida para mantê-lo, com entorpecentes ou não, é respirar fundo e sentir o clima.

cada vez que eu penso na coca-cola, respiro fundo. enquanto respiro, penso na quantidade de coisas horríveis que estou deixando de ingerir, e isso me ajuda.

o próximo passo é aplicar isso a outras 'coisas' incomodativas que eu insisto em manter por perto de puro vício, mas que não acrescentam, pelo contrário.

companhia, principalmente companhia que te chineleia, entorpece.

e "sweet oblivion" é bom, mas "oblivion", sem adjetivos, é sacanagem com a tua própria inteligência. bora respirar fundo, sentir o clima e insistir nos malefícios do que é ruim.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

fan fiction


O inverno estava no fim, mas os últimos dias tinham sido os mais frios dos últimos tempos. Eu tinha dormido muito pouco, vinha escolhendo mal a roupa há dias e o frio intensificava a dor nas costas e o peso no peito. Nó na garganta, enjoo e fome. Nem fumar eu conseguia. Caminhei devagar pela meia quadra até a parada de ônibus, deixando o vento frio entrar nos buraquinhos da lã do blusão. Pensei naquelas meninas depressivas que se cortam e decidi que aquele frio vinha bem. Se ficasse doente, bem doente, não seria minha culpa não poder trabalhar, estudar, ganhar dinheiro e cuidar de tudo. “Tem que descansar, moça”, diziam sorrindo os médicos imaginários.

Cumpri as tarefas daquele dia, como nos anteriores, minimamente. Tentava sorrir para os colegas. Demonstrar tudo assim, a céu aberto, é coisa de gente que não se controla. No trabalho, tentava não deixar aparecer que fazia quase nada. Às vezes, quando chegava ao limite do cansaço, usava o cabelo no rosto para disfarçar um cochilo nervoso.

Quando saí do trabalho já estava escuro. Durante o ano anterior eu tinha o cuidado de não sair muito tarde porque levava o computador da empresa para casa. Mas nos últimos dias, computador no concerto, eu tinha voltado a sair do trabalho à noite. Não tinha nada de valor comigo – aliás, nunca tinha, além do computador, que não carregava mais – e, como sempre, subia a lomba distraída, pensando em alguma desculpa para escapar do que quer que fosse que eu tinha que fazer depois.

Perto da esquina percebi que alguém tinha se aproximado de mim. Um homem, mais ou menos do meu tamanho. Não posso dizer que parecesse perigoso, mas eu realmente não estava prestando atenção. Perguntou as horas. Abri o bolso externo da pasta para pegar o celular, e ouvi, mais perto e mais baixo, a ordem clássica. Olhei para ele. Tinha a minha idade, talvez menos. Fedia um pouco, de perto. Estava assustado, mas convicto.

Não sei o que me fez não obedecer. Não sei o que me faria obedecer. Por reflexo, eu disse que não e caminhei com pressa.

Em meio segundo, senti com todas as forças que existia a possibilidade de morrer em uma situação assim. Sabia que era covarde, mas naquele momento a ideia parecia genial. Uma coisa assim como inutilizar um aparelho eletrônico para ele não estragar outra coisa. Parecia uma troca viável. Caminhando, senti um calor na garganta que parecia choro. Ri de mim mesma, “não acredito que estou chorando porque ele não me matou”.

Só entendi quando senti o puxão na bolsa e vi o vulto que me ultrapassou correndo. O calor vinha de um estrondo, e minha boca enchia de uma gosma fina e quente. As lágrimas de frustração e raiva, se tivessem sido reais, teriam se transformado naquele choro de alívio que há anos eu não conseguia mais soltar. A única coisa que me impedia de relaxar era uma preocupaçãozinha no fundo, que eu sentia diminuir quando o tempo passava.

Sorri quando vi as luzes dos postes refletidas no líquido que escorria pela calçada, no sentido da descida. “Agora sim, acho que não dá mais tempo”.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Querido diário romântico...

Me sinto na obrigação comigo mesma de dizer que isso aqui é uma palhaçada. Volto aqui quando a vida amorosa está muito boa ou muito ruim, ou os dois.

Fico pensando no resto da vida, e em como parece por aqui que eu não me preocupo. Mas enquanto escrevo me dou conta que o resto não me faz sofrer tanto. Eu posso mudar de emprego, posso mudar de curso, posso mudar de cidade... mas mudar de amor me desestrutura. No fundo, eu queria mesmo é que um deles conseguisse ser tudo. Sim, ridículo e egoísta, eu sei.

No fundo, venho pra cá quando não estou conseguindo pensar, e no momento está muito difícil. Tenho atrás da orelha uma pulga que apesar de ser absolutamente perfeito ao vivo (fucking hot, sexo inenarrável, querido e extremamente respeitoso e cavalheiro, fuma um, curte gatos (precisa mais?), curte muita música boa, curte bons filmes) escreve que nem um favelado. Essa é a pior parte e eu não sei como lidar. A vida eletrônica (escrita) dele é uma piada, a acadêmica é provavelmente inexistente, a profissional é de garçom.

E que fique claro, não tem a ver com dinheiro. Ele inclusive parece estar muito bem nesse quesito. E mesmo que não estivesse, eu não podia me importar menos. Meu problema é intelectual mesmo, tenho medo de que esse fogo todo passe e a sobra seja um apego extremo (already here) a um cara meio brainless. Tá, ele realmente não é brainless, mas todo mundo entendeu.

(...)

Tempestade em copo dágua, eu sei. Se eu gosto dele é isso que importa e daí se ele escreve bizarro, né?
Eu sei. Até já atualizei o okcupid.

(...)

Mas cara, o face é foda. Eu não quero meu nome associado a um cara que tem aquele tipo de facebook, de boa. Os defensores do amor me odeiam agora, eu sei. Mas se amor já não é só sexo, então vai ter que caber tudo o que eu achar relevante.

(...)

AcaBo de reler e escrevi "amor". SHIT.

(...)

MI.

Thiago

And here we go again...

Não vou conseguir fazer mais nada do que eu TENHO que fazer se eu não escrever sobre essa porra toda.

Eu queria ele há muito tempo, mas realmente não fazia ideia do que me esperava.

Escrevo e apago e não sei o que dizer sobre essa sensação de querer que alguém te encoste 24/7. A sensação é horrível, a não ser quando você realmente encosta, daí é ótimo.
Mas palavras não têm como dizer muito, a gente conversa com o corpo. Mesmo. Olhares, gestos, gemidos, caretas. A sintonia é tanta que é difícil saber quem começa o que, e quando termina, e quando começa de novo, principalmente porque o silêncio nunca é vazio. Aliás, nunca falei tao pouco com alguém com quem passei tanto tempo.

Quando não estou com ele, só quero dormir (consequentemente, trabalhar tem sido um inferno). É cansativo fazer tudo o que a gente faz, ainda mais sem parar.

Não me importo mais com o tudo que a gente tem ou não em comum, com objetivos de vida, nada. Só quero aquele corpo em mim, o molde perfeito, os cheiros de tudo, os gatos subindo na gente como se tudo naquele apartamento fosse trepável.

Fizemos um pacto. Esse, falado, embora não explícito. O pacto é avisar quando não quisermos mais, em vez de "fazer merda" (ele propôs assim, achei sensível e bonito, principalmente por causa do palavrão, adoro os palavrões). Todos sabemos o que isso quer dizer. "Seeing someone", that's right. Eu realmente achei que ia demorar mais dessa vez, tava até me acostumando com a ideia (tava até desiludida com todo mundo e numa bad, na real, mas isso é outra história).

Anyway, preciso acionar o interruptor que permite continuar fazendo o resto das coisas. Se fosse por vontade, eu ainda taria lá.

(bem no finzinho do discurso bonito eu me lembro do facebook dele e morro de vergonha. why god, why? vergonha é a porra do fetiche mais comum do mundo, como sou mainstream.)

"Nossa heroína, então, acampou na casa do seu amado. Sentou-se preguiçosamente no sofá e trabalhou enquanto ele matava zumbis, um gato perto de cada um. A cada hora e meia ou duas, eles não se seguravam e gastavam meia entre si. Permaneceram em silêncio muito tempo. Ele lhe dava café e cigarros, ela deixava suas pernas nas dele quando ele sentava. À noite ela cozinhou sem queijo, e ele lavou a louça. Demoraram muitas horas para dormir, e o dia seguinte foi como o anterior."

http://www.youtube.com/watch?v=mDVsRsUN9Ac

I don't wanna lie
I'm gonna take what you're giving
'Cause I know you're willing
To take me all the way

You got me right here
Combustible
And I can't wait to finally explode

The big big bang
The reason I'm alive
When all the stars collide
In this universe inside

The big big bang
The big big bang , the big big bang

Some people like to talk
But I'm into doing
What I feel like doing
When I'm inspired

So, if we take a walk down
The beach tonight
I bet we could light up the sky

The big big bang
The reason I'm alive
When all the stars collide
In this universe inside

The big big bang
The big big bang, the big big bang

Take it from me, I don't wanna be
Mummified
Sometimes I feel so isolated
I wanna die

And I'll take it from you if you got it
Every time
So baby, bring your body here
Next to mine, next to mine

I don't wanna dream
I just wanna live it
So baby
Let's not miss this thing

The big big bang
The reason I'm alive
When all the stars collide
In this universe inside

terça-feira, 31 de julho de 2012

Twitter

https://twitter.com/RittaLinna

agora sim me fudi.

btw, isso é sinal de bom humor, por incrível que pareça (o atraso foi só o universo me trollando)

bayjosh

quinta-feira, 12 de julho de 2012

arruma um hobby, mocinha

sensação de solidão e perda de tempo, mesmo com tudo correndo bem. até to meio pobre, mas tenho amigos presentes, tenho uma família invejável, tenho um emprego massa, tenho coisas divertidas pra fazer, e até drogas aparecem de vez em quando...

mas se não tem um homem (decente) no meio por muito tempo eu fico deprê.

sou tudo o que eu critiquei a vida inteira, que merda.
(e atrasada, cu.)

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Baby's On Fire

Nenhuma outra mídia se presta pra esse statement como aqui:

PRECISO desse bong, velho!

http://www.youtube.com/watch?v=TioMQSxO7WU&feature=related

(fora que baita clipe, mas isso já é óbvio de eu ter postado aqui. essa mina é LOCA.)

BTW, férias. S2

quinta-feira, 21 de junho de 2012

I needed that slap in the face

voto de celibato pro fim de semana.
não, eu não estou brincando.

uma vez na vida tu tem que poder ficar de boa, sem estar pensando em qualquer um desses caras aleatórios que pelo motivo que seja tu acha imprescindíveis.
e mais, sem estar procurando um que desbanque o anterior.

minha própria vida, meus livros e filmes, meu bambolê, meus amigos, minha casa, meu gato, meu dinheiro, tudo precisa de mais atenção.

urge prestar atenção, em tudo. meaning it.

amanhã vou fazer uma prova pra qual não li absolutamente nenhuma linha. isso nunca mais vai se repetir na minha vida.

força na peruca. banho e cama, foi.


quarta-feira, 20 de junho de 2012

domingo, 17 de junho de 2012

my heart is twisting

as últimas semanas foram intensas, quase catastróficas de tão boas e ruins ao mesmo tempo.

me diverti, me confundi, confundi tudo, messed up com quem não merecia.

infelizmente pra mim, como há um tempo atrás, não consigo nem me sentir triste de verdade. às vezes acho que devo ser um pouco psicopata mesmo.

aliás, triste sim. o que eu não sinto é que eu tenha feito algo errado. de novo, acho que não foi o caso, porque ter levado qualquer uma das coisas que têm acontecido de jeitos diferentes não teria sido genuíno, e eu preciso ser honesta comigo. não tenho mais a capacidade de autoanulação que eu já tive, e não consigo achar isso ruim.

bebé, peço desculpas por não ter sabido julgar melhor as coisas. acho que eu estava feliz demais (contigo, inclusive) pra ver que não ia funcionar.

love is a bitch.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

dia dos namorados [2]

EDIÇÃO FECHADA ÀS 05:54.

***

o cheiro dele ainda está em mim.

***

então, fazendo hora pra ir pra aula, porque dormir seria só pra acordar triste. às vezes tem que seguir andando. b., nunca te entendi tão bem.

***

o cara que dançava melhor, era o mais gato do planeta e tinha o melhor cheiro do mundo se fez ao máximo. não narrarei por vergonha, mas podia ser um conto. peraí.

***


Eu, na festa que não sabia se queria ir. Claro que queria ir. Enfim.
Pessoas muitas, de todos os jeitos e formatos. Eu consciente do meu formato, a princípio. Penso e penso e não sei o que poderia ter feito diferente. Digitar devagar e errado faz parte, thank god for Raimundo Silva, embora eu ache que os autores dele não escreviam this high.
Towelie: - Wanna get high?
Me: I was DYING for someone to aks me that fucking question.

***


Aliás, fui conversar (tentar escrever a porra do conto), e estou chapada demais pra escrever o conto (o que é triste, porque esse conto daria um conto! peraí.

***


Daí a gente dançou muito, e ele dançava samba (así, pegao), só que com uma leveza indescritível (depois eu fui saber, da BICHA que ele era (pelo amor de deus, sem querer parecer nazista, o mundo não é binário, etc.)!). Essa leveza eu transportei pra horniness  (??) e achei que levava a alguma coisa, mas claramente não. Pausa pra botar uma música que tá ficando solitário.

***


Fui botar música, tava tenso lá.

***

THANK GOD FOR DEVENDRA. REALLY.

***

Queria lembrar o sobrenome pra botar no FB (oh god). Cheiro do inferno.


***

Aliás, peguei o Diego Alface. Não bastava o Douglas, tantos anos antes (se bem que o Douglas não tava in such a bad shape, pelo contrário (merda, baixinho não.)).


***

Eu fico triste com o que isso pode vir a ser, mas isso é mais eu do que jamais. {statement não entendido quando relido (?), deixado em nome do flow.}

***

fico tentando fazer a narrativa fazer sentido e não consigo não fazer referências obscuras à minha própria vida.
quase hora de ir. Teria que tomar banho e trocar de roupa. vou já.

ai, estiloo pra q t qro.

nem,

mwahaha.

p.s.: o cheiro dele ainda está em mim.

ainda bem que eu não vou dormir, e que vou tomar a porra do banho.

terça-feira, 12 de junho de 2012

dia dos namorados

o primeiro que passo sozinha desde 2007, e o mais feliz.
trabalho em casa com o gato no colo, depois atividade física, depois barzinho com as amigas e ninguém pra impressionar.
amo a minha vida, sem nenhum sarcasmo.

:)

claro que as saudadezinhas todas apertam, mas nada que uma música bem alta não deixe divertido!

domingo, 10 de junho de 2012

eu até sou meio louca

mas tem gente pior (quase me sinto mal por não conseguir conter o sadismo interno, lulu).

o boa noite mais em paz dos últimos anos, dia intensamente recompensador.

amanhã será outro.

baijo

quinta-feira, 7 de junho de 2012

não entendi.

ia escrever sobre feminismo, e tinha todo um argumento bem bonito montadinho sobre como o sutiã é uma coisa opressora e sobre a minha recente descoberta de que a vida tem mais possibilidades do que andar com os peitos pra cima o tempo todo e sobre como tem coisas pras quais faz mais sentido estar solta, mesmo...

mas me desconcentrei porque não entendi um silêncio, acompanhado de um grau de autossabotagem que eu não sei precisar, mas que pareceu importante. não queria criar caso porque realmente não ando com saco pra drama, mas essas são as duas coisas que alguém pode fazer que mais me fazem pensar sobre que tipo de contato eu quero ter com a pessoa em questão. porque:

- é um saco esperar. esperar resposta, então! principalmente quando o interlocutor sabidamente recebe o recado, vontade de sacudir pelos ombros.

- é um saco ver alguém se sentindo mal e não poder (mesmo) fazer nada. mas é pior quando nem o principal interessado faz alguma coisa.

- é inquietante pensar que a sensação que isso causa em mim possa se repetir, caso o comportamento seja um hábito. já paguei minha cota de autossabotadores com surtos de sumisso nessa vida e, honestamente, o tipo não me atrai.

cada caso é um caso, e eu não quero estar sendo injusta com ninguém, mas algumas coisas são difíceis de entender.

pra escrever mais que isso tampouco tenho saco. tenho mais coisas pra fazer do que eu consigo coordenar e não me apetece mesmo perder tempo cuidando um quadradinho na tela pra ver quando pisca se ele não vai piscar.

sem drama, mas já drameando. azar, aqui é pra isso mesmo, e a graça é escrever puta da cara. é nóis.

terça-feira, 5 de junho de 2012

produtividade

depois de muito tempo sem, hoje tomei uma ritalina para trabalhar, e a tranquilidade e o foco foram surpreendentes. placebo? talvez... mas a questão é que atingi minha meta mínima e continuo, e depois ainda vou me preparar pra aula amanhã e vai dar tuuudo certo.

agradeço também aos inventores dessa bolinha branca e mágica por conseguir acalmar um pouco a montanha russa de tripas que teria sido esse dia se eu não estivesse muito concentrada em trabalhar.

the show must go on. \o/

quinta-feira, 31 de maio de 2012

it fucking never ends

a arte de escrever um abstract para a aula sobre um artigo a respeito da independência da escócia em comparação com a do kosovo (vinte anos antes) sem fazer ideia do que se está falando, e com cerveja, cigarro, whisky, anfetamina, ácido, mais cerveja, bem mais cigarro, loucura de internet, loucura ao vivo, invasão de domicilio da amiga caridosa, beck, mais cigarro, coca-cola, doce, pinhão e mais cigarro na cabeça.

4:02 e não me atrevo a dormir. nem conseguiria. nem posso. nem quero. nem vou. party hard, work harder. fuck even harder when you have the time. hell yeah.

hope this lasts till morning. and the following night, serei hoadie (é assim?) de performance de bambolê. e laika sexta. e filme sábado. e jam domingo. e as telas a janela, pra poder abrir a janela quando voltar pra casa?

pobre teresa. it had to be said, quando vê me envergonho. ou não. ai. tá, back to work.

terça-feira, 22 de maio de 2012

como assim?

tem uma dorzinha bizarra no fundo da minha garganta, como quando a gente quer chorar e não consegue. junto com ela a falta de ar que causa os suspiros constantes. e uma felicidadezinha filha da puta lá no fundo, justificando a porra toda e não me deixando não dar bola.

fico me perguntando qual é o nível de realidade de tudo, não só do que não é real. o que significa que eu não tivesse sentido isso assim por muitos anos? se é que já senti assim... honestamente parece que não, mas não quero tirar conclusões precipitadas. o que significa sentir isso justamente agora? e a causa, onde eu enfio? na lista de "links divertidos"? na mala de viagem, pra levar embora comigo? no cu?

meu caráter ansioso precisa de presença, de abraço, de cheiro, de cabelo e de ombros pra usar de travesseiro. meu coraçãozinho retardado fica perdido batendo no vazio sem apoio e tropeça, dá um nó em si mesmo (e dói)...

ao mesmo tempo já tenho um apoio, mas que cada vez me serve menos, porque eu cada vez sirvo menos. quem dera fosse só uma bengala, daí eu podia quebrar no meio, despedaçar direitinho e jogar no entulho, e não pensar mais nisso. mas né, não dá pra sair por aí despedaçando as pessoas, principalmente quando elas são ótimas e a pervertida que planta amores impossíveis no próprio corpo é você.

saudade só existe em português, mas agonia é universal. e acho que o momento é meio mundial mesmo...

sexta-feira, 18 de maio de 2012

audience


Tem alguém olhando atrás da tela. De outra tela, longe, infelizmente inalcançável. Mas é como se estivesse aqui, atrás de mim, olhando a tela junto comigo.

Tudo o que eu fizer aqui está irremediavelmente sendo assistido, e, por mais que a agonia embrulhe meu estômago e acelere meu coração enquanto eu escrevo, agora seria covarde parar.

Mesmo porque, enquanto eu não parar é como se eu pudesse sentir a respiração quente atrás de meu pescoço, olhando a tela daqui. Essa respiração tira a minha, e isso não se sente escrevendo pro escuro.

terça-feira, 17 de abril de 2012

craving

é necessário registrar que o ser humano é um eterno insatisfeito, e é quando as coisas vão melhor que mais surge (procura) sarna pra se coçar.

preciso de sexo. simples assim. mas não é qualquer sexo, é sexo com qualquer um que não seja ele, porque o sexo dele eu conheço e sei como funciona.

eu sei que as coisas não estão interligadas, porque eu consigo amar alguém e ainda assim querer outras pessoas. mas estou começando a achar que se eu não der pra outro rápido vou passar a gostar menos deste, de puro tédio.

eu deveria ficar solteira, mas sei que assim também não ia ser plena, e todos temos que escolher entre uma falta de plenitude e outra (olha que moça equilibrada e resignada! nem parece eu...). mas juro que se eu não resolver isso logo a balança vai mudar de lado.
(pior é que nem, eu só vou começar a ser uma idiota e brigar por qualquer estupidez.)

horrível, né? eu sei.

mais horrível ainda é que os dispostos se atraem e há candidatos (sim, no plural. mais plural do que a minha mente consegue administrar). candidatos realmente dispostos a manter tudo quieto e sugar-nos mutuamente de alegria proibida. mas eu ainda não fiz nada desde a vez que decidi não fazer mais nada.
(oh wait, online sex doesn't count)

mas o problema maior é que TUDO é mais legal na minha cabeça. daí eu encontro eles e é sem graça, e me expus à toa.

eu deveria ficar solteira, mais sei que assim também não ia ser plena porque quando a gente está solteira nada acontece. aí eu ia achar o primeiro e o primeiro ia querer me namorar e eu ia estar carente e ia querer também e dali a um mês tudo ia voltar ao lugar de agora.

difícil a vida, viu?

quinta-feira, 12 de abril de 2012

lonely boy

uma nostalgia funda, pesada, quente e contínua. quase confortável. quase.
sentia que tudo o que fazia que não fosse aquilo era cansativo, penoso, um estágio de espera entre esta vez e a próxima.
queria colo, precisava pensar, não conseguia produzir no trabalho nem em casa, era grosso com as pessoas. sabia-se bom e generoso, mas precisava dormir. antes que dormisse direito não conseguiria mais ser bom. talvez se dormisse direito conseguisse se sentir bem de novo, sem precisar recorrer àquilo.
querendo dormir, decidiu fazer alguma das coisas que tinha que fazer. trabalhava e pensava sem parar, mas se distraía a cada minuto e tinha que começar de novo.
pensava que tinha que parar de se distrair, e mais uma vez era sabotado por seu próprio funcionamento, porque pensar em não se distrair não é o mesmo que não se distrair.
precisava parar.
não sabia se precisava parar de trabalhar, de dormir ou de fazer aquilo. ou de pensar naquilo em vez de trabalhar ou dormir ou fazer aquilo.
decidiu que ia trabalhar, depois dormir. se acordasse mal, ainda faria, uma ultima vez. isso o confortou, ao menos não era uma decisão extrema.
enquanto trabalhava pensava na ultima vez que faria aquilo com uma ansiedade quase infantil. pensando nisso, não terminava.

acabou não terminando nunca. mas, mesmo nunca mais dormindo, sonhou para sempre com o que ia fazer quando acordasse.

quinta-feira, 22 de março de 2012

light bugs

voam como se estivessem vivos
como se a noite - que é o escuro dentro de mim - fosse quente

meu coração é uma lampada
que balança quando batem de cabeça
frenesi de cérebro miúdo de inseto

a ironia é o verão e a noite chegarem sempre junto(s)
com a lua verde
da tua bolinha de status.

domingo, 4 de março de 2012

O x da questão

Se me fosse vedado, eu morreria?

Defina morrer, por favor.

.

.

.

.

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Melhor: defina eu.

#nobodywins

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

self-expression

tem uma mina por aí fazendo palíndromos e chamando de arte. minha revista coquetel se encaixa? o que define, pelamor?

gostaria muito de saber pra saber se desisto ou continuo. vai que me acham as bobagens postumamente e eu retratava a angústia do meu tempo e não sabia?
(duvido horrivelmente, mas tudo bem. sonhar é normal, pelo menos)

leio e leio e leio (e escrevo três linhas por arroubo criativo) e me acho mais burra. escuto música (cantando) e me acho burra e feia. não vou mencionar a gordura. mencionei, ê!

pelo menos essa coisa toda parece que ta indo pra frente, mesmo que a frente seja a desistência honrosa. a arte precisa de expectadores, não precisa? pois treino isso, em último caso (esse semestre as leituras estão decentes, devo admitir).

e gastronomia também é arte, oras. aliás, duvido que seja só larica, estou, de fato, cozinhando cada vez melhor.

cheers.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

skin

ainda não estou bêbada
não vou sair sem lápis
e adoro essa blusa, esconde meus braços