quarta-feira, 20 de novembro de 2013

sutilezas

hoje eu senti o cheiro dele de perto mais vezes. almoçamos todos juntos, e ele sentou perto de mim (não eu perto dele).
fizemos a mesma piada muitas vezes. nos olhamos nos olhos muitas vezes. eu ficava nervosa e desviava rápido. não faço ideia se ele nota, mas sempre que ele fala comigo eu sinto calor nas bochechas.

mais tarde, fiz um comentário de trabalho pelo bate papo eletrônico e ele escreveu meu nome em vocativo quando agradeceu. senti um frio na espinha imaginário (fruto de uma leitura uma vez cujo argumento era o de que o nosso nome dito pela pessoa que amamos nos chama de um jeito diferente e mais doce, o que por sua vez me lembra que eu nunca gostei de apelidos de casal - sempre tive, nunca dei) e lembrei que ele estava escrevendo, e que isso não queria dizer nada. como se adivinhasse o meu frio na espinha, ele se desculpou por escrever meu nome, com o argumento de que ainda estava com a cabeça no bate-papo em grupo que até ali vínhamos tendo com os outros colegas, onde o vocativo seria necessário. eu disse apenas "ok", ou talvez algo mais evasivo ainda.

é tão sutil o fato e tão grande o efeito disso em mim quanto realmente, honestamente e circunstancialmente platônico é esse gostar.

mesmo assim é bom ter um cantinho quentinho no coração de simplesmente querer alguém bem porque a linda alma da pessoa parece que escapa pelos olhos quando ele sorri.

pelo bem de todos, só preciso cuidar para não prestar muita atenção no cheiro quando ele me ajuda com problemas de software. o cheiro me hipnotiza e se eu sentisse mais vezes ia acabar precisando fazer alguma coisa.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

terapia

é oficial, preciso me tratar.

já disse isso antes.

cada dia mais difícil conviver comigo. é culpa demais, eu não respiro sem que me doa.

ando pela internet, vejo algo que me irrita sem motivo real e discuto com ele no bate papo (doença!), escrevo aqui, qualquer coisa menos trabalhar porque não me concentro e também porque é quase bom se afundar na agonia. 
a razão pra esse gostar da lama me escapa. pra isso que eu preciso me tratar, pra parar de achar que ficar remoendo as dores de viver é uma opção de passar o tempo. mas principalmente pra parar de achar que remoer em dupla leva a qualquer lugar.

a conversa que eu não queria ter ontem eu acabei tendo e destruí meu humor pro resto da noite. podia ter guardado pra terapia e me poupado da merda que é cavocar em dupla sem nenhum knowhow. 

a de hoje escapou e eu ainda estou tentando estancar. a vontade é de dar um grito e quebrar alguma coisa.

"pensamentos de ferir a si mesmo ou aos outros" é sintoma. resta saber, no meu caso, de quê.

***

daí eu olho pra janela com a fotinho dele e lembro de como começou eletrizante e do que aconteceu e de que faz só quatro meses e parece que é uma vida inteira de se ajudar por aí e rir de bobagem e sentir agonia e se acalmar mutuamente e já dá uma saudade dilacerante porque eu começo a ver que eu acho que sei o que vai acontecer ou começo a achar que sei o que seria o mais certo a fazer.

dizem que eu preciso de alguém mais leve, mas a verdade é que eu não sei se essa pessoa existe e começo a ter a impressão de que eu nunca vou conseguir passar mais de dois meses em paz com alguém porque em algum momento a equação saudade x liberdade x tempo simplesmente não vai fechar e eu vou sentir dor de novo porque vou ter que pensar de novo todas essas coisas e o mero pensamento de viver o ciclo de novo me faz ter preguiça de estar viva.

ficar totalmente sozinha eu nunca consegui. talvez ajudasse, mas se eu fico sozinha eu acabo pegando alguém, e eu sempre quero ver de novo porque intimidade é delicinha mas sempre sempre sempre vem com merda e mais merda junto e lá vamos nós de novo.

não sei se é saudade, ansiedade, raiva ou tristeza, mas queria falar com ele. não saberia o que dizer. ele não vai falar comigo pq eu já nos gastei. péssimo dia para produção musical, cantar por cima do nó aí sim eu quero ver.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

elogios

sempre fiquei meio desconfortável quando me chamavam de bonita. as únicas pessoas que me disseram que eu era bonita e não me incomodaram foram meus avós e minha irmã. isso apenas porque eles conseguem sempre dizer isso quando eu menos concordo, e a sensação da contradição nesse caso é quentinha e confortável.

as outras pessoas dizem isso também. eu geralmente concordo, não sou cega. mas a maneira que elas dizem e as situações que desencadeiam esses elogios geralmente fazem alusão a uma de duas coisas: eu ter me arrumado OU um privilégio genético casual, que vai deixar de existir em alguns anos.

no primeiro caso, me incomoda porque tem gente que só diz que a gente ~está~ bonita se estiver "arrumada". não fazem por mal, na maioria das vezes nem sabem se você se montou, embora intuam, e possivelmente não sabem o trabalho que deu. se não é por maquiagem é por estar usando uma roupa mais femininazinha, tipo um vestido, ou por ter ajeitado o cabelo. sempre que aconteceu algo feito por mãos humanas com a minha aparência aparecem elogios. é bom saber que funciona quando quero me deixar mais bonita, mas fico pensando se essa sequência de ação-reação não reforça nossa cultura pautada pela aparência física (para mulheres, né, homens não sofrem nem metade da pressão).

no segundo caso, os elogios normalmente vêm de pessoas que têm alguma intimidade comigo, geralmente em um relacionamento amoroso. podem ocorrer a qualquer momento, mas quase sempre quando estou à vontade. do nada vem um "linda" ou um "gostosa" (sendo que eu não malho, até isso é acaso), carregadíssimo de amor pulsante. e aí eu sinto medo. eu temo pelo futuro porque eu sei que é a minha personalidade e o meu jeito de fazer carinho que mantém essas pessoas romanticamente interessadas em mim, mas o que aproxima elas é a minha cara e o meu corpo. e eles um dia (dia esse cada vez mais próximo) vão murchar e cair. e quando eu for velha e acontecer de novo a sequência de começo meio e fim do amor, quando chegar no começo de novo eu não tenho certeza se as coisas que eu digo e faço vão parecer tão bonitinhas assim vindas de uma velha pelancuda.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

superaquecimento

eu queria desmaiar.

se eu desmaiasse eu tinha uma desculpa bem plausível e podia ir pra casa e resolver pelo menos uma parte das coisas. a parte que congelou o resto. tudo fluiria se eu pelo menos desmaiasse.

fico mudando de aba como uma barata tonta, com um zumbido na cabeça que me obrigou a desistir da música.

eu quase queria que me desse um troço mesmo.

assistir minha própria loucura ta ridículo.

peço desculpas aos envolvidos, vou tentar me controlar e parar de ficar falando sobre como eu não consigo trabalhar por causa desse nó na garganta que puxa o cérebro pro cu e me faz pensar merda por falta de opção.


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

mais um

só mais um texto
pra descarregar tudo
o que fica circulando pela cabeça em ritmo de centrifugação

bbbbbbffffffffff

é o barulho que eu ouço de dentro das orelhas quando a força centrípeta joga ele pra fora pelos dedos

assim mesmo, agora

ufa.

sobra a taquicardia leve. falar dela esquenta os ouvidos, agora mais calmos.

só agora releio e tenho um microespasmo de riso.

e então a garganta seca de vergonha:

nunca vou saber como é ler isso tudo de uma vez só, sem nunca ter lido antes e sem saber do que se trata.

pronto.

acho que agora consigo voltar pra antiética das edições de texto, que inclusive inseriu o "de vergonha" na frase ali de umas linhas pra cima.

só pra se despedir. só mais esse assim menos feio. 

fail. 

vou lá é editar TCC burro dos outros, que eu faço mais arte que aqui.

urgente!

queria te abraçar e te dar carinho e te dizer que tudo vai ficar bem. mas eu mesma não tenho certeza porque os últimos meses me mostraram um lado tão sombrio da tristeza que eu tenho medo do efeito do que o que eu te mostrei do que eu sabia racionalmente da vida pode ter feito com o teu espírito que é tão mais sensível que o meu.

choro escrevendo isso porque eu sinto que tu precisa se achar sozinha e se resolver sozinha e que a avalanche de conselhos te sufoca também. e também porque o meu jeito de dizer as coisas é às vezes meio cru e nervoso e até brabo demais e tu não merece mais dureza porque já basta o que veio antes.

choro também porque tem mais gente precisando de mim. hoje mais do que nunca a grama de onde eu não vou estar é a que eu acho que mais precisa de água.

queria ser bem grande e bem forte e bem equilibrada e bem mais carinhosa e conseguir te acalmar do jeito que tu merece, porque além de tudo eu acho que eu botei um pouco dessa tristeza aí te contando coisas que eu devia ter guardado pra mim e te mostrando confissões que podiam ser mal interpretadas e te dando acesso a mais sofrimento ainda ~pelo bem da arte~.

queria ser um rivotrilzão de pelúcia e pular em ti e mandar tudo embora.

queria voltar no tempo e ter me tocado antes que eu podia assumir tudo e ter cuidado melhor de vocês e a gente ter fugido juntos, em vez de só abrir a porta pra tu sair sozinha.

até te deixo ficar na tristeza, se tu acha que ajuda. não tem nada demais. mesmo porque eu mesma não sei o que fazer pra te tirar daí.
mas mantém em mente que tu tem que sair, por favor. por mim, lembra de botar uma mantinha no sofá de couro, porque quando gruda dói mais pra sair.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

inveja

tava querendo escrever coisas um pouco mais sensatas, tipo a história da Claudia e da Mina Guilhermina e do Fernando. daí aparece um blog que eu mesma encomendei justamente para não ser interrompida e eu não quero mais nem a cara deste meu. precisei vir fazer um carinho nesta minha caveira rosa.

eu não lido bem com essas pseudoprosas beirantes à poesia. eu gosto das palavras que eu conheço, dos ritmos que eu conheço, de jeitos de contar coisas que sejam o mais detalhados e verossímeis possível.

no entanto, ela faz tudo isso, com menos palavras e de um jeito mais engraçado. eu não consigo entender.

vou voltar pra essa galera. a história vai sair. e vai me ensinar muito sobre o que eu acho que sei sobre culpa e ciumes, sobre ser invejosa e ser boa e sobre PROCESSO.