quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

uma saudade não sei do quê

tem dias que parece que por mais que tudo na vida esteja razoável, ou mesmo bom, alguma coisa coça na garganta.
hoje eu tava sentindo que o dia estava assim desde de manhã e não sabia por quê.

nesses dias a gente olha fotos velhas, ouve músicas velhas e passa muito tempo olhando pra parede branca e passando filminhos na cabeça como se tivesse sido ontem.

às vezes faz anos que algo passou e a gente ainda sente os cheiros.

eu fiquei olhando fotos e vídeos dos últimos exes. imaginei como poderia ter sido, o que estaria fazendo, onde estariam a minha vida e a deles, e me deu vontade de dar uma voltadinha no tempo por um segundo. como não pode, respirei e voltei para a minha vida. a parte boa é que não demorou para constatar que tudo o que aconteceu até agora está encaminhado desde um lugar bom e rumo a um melhor ainda. eu tenho sorte.

***

exatamente hoje faz 12 anos que a mãe dele morreu. e eu ainda acho que sei o que eu falo quando falo de saudade. eu tive muita sorte até agora.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

screen of death

gostaria apenas de deixar registrado o que aconteceu ontem à noite. no meio de uma conversa pós-transa das mais agradáveis, meu ruivo querido mencionou que teve os cabelos compridos sei lá quando. pedi fotos, nunca imaginando que ele fosse sequer levantar da cama. não só levantou para procurar as fotos no hd externo como, ao não encontrá-las, ficou no stumble. tudo bem né, é divertido. só que depois a gente lia as coisas em velocidades diferentes e tinha interesses diferentes. aí, como ele que tava pilotando, eu fechei os olhos e fiquei só curtindo os comentários ocasionais que ele fazia. aí quando eu finalmente li um quadrinho que era legal, ele fechou antes de eu terminar porque entendeu "sim" quando eu disse "não" à pergunta sobre se eu estava dormindo. acabamos desistindo do computador. depois de um pequeno silencio e olhos abertos olhando para o teto (que não emana luz), voltamos a conversar e a noite voltou ao normal.

impressionante o poder de morte da interação causado pela tela. ainda bem que por enquanto ainda funciona desligar pra retomar o vínculo.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

sutilezas

hoje eu senti o cheiro dele de perto mais vezes. almoçamos todos juntos, e ele sentou perto de mim (não eu perto dele).
fizemos a mesma piada muitas vezes. nos olhamos nos olhos muitas vezes. eu ficava nervosa e desviava rápido. não faço ideia se ele nota, mas sempre que ele fala comigo eu sinto calor nas bochechas.

mais tarde, fiz um comentário de trabalho pelo bate papo eletrônico e ele escreveu meu nome em vocativo quando agradeceu. senti um frio na espinha imaginário (fruto de uma leitura uma vez cujo argumento era o de que o nosso nome dito pela pessoa que amamos nos chama de um jeito diferente e mais doce, o que por sua vez me lembra que eu nunca gostei de apelidos de casal - sempre tive, nunca dei) e lembrei que ele estava escrevendo, e que isso não queria dizer nada. como se adivinhasse o meu frio na espinha, ele se desculpou por escrever meu nome, com o argumento de que ainda estava com a cabeça no bate-papo em grupo que até ali vínhamos tendo com os outros colegas, onde o vocativo seria necessário. eu disse apenas "ok", ou talvez algo mais evasivo ainda.

é tão sutil o fato e tão grande o efeito disso em mim quanto realmente, honestamente e circunstancialmente platônico é esse gostar.

mesmo assim é bom ter um cantinho quentinho no coração de simplesmente querer alguém bem porque a linda alma da pessoa parece que escapa pelos olhos quando ele sorri.

pelo bem de todos, só preciso cuidar para não prestar muita atenção no cheiro quando ele me ajuda com problemas de software. o cheiro me hipnotiza e se eu sentisse mais vezes ia acabar precisando fazer alguma coisa.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

terapia

é oficial, preciso me tratar.

já disse isso antes.

cada dia mais difícil conviver comigo. é culpa demais, eu não respiro sem que me doa.

ando pela internet, vejo algo que me irrita sem motivo real e discuto com ele no bate papo (doença!), escrevo aqui, qualquer coisa menos trabalhar porque não me concentro e também porque é quase bom se afundar na agonia. 
a razão pra esse gostar da lama me escapa. pra isso que eu preciso me tratar, pra parar de achar que ficar remoendo as dores de viver é uma opção de passar o tempo. mas principalmente pra parar de achar que remoer em dupla leva a qualquer lugar.

a conversa que eu não queria ter ontem eu acabei tendo e destruí meu humor pro resto da noite. podia ter guardado pra terapia e me poupado da merda que é cavocar em dupla sem nenhum knowhow. 

a de hoje escapou e eu ainda estou tentando estancar. a vontade é de dar um grito e quebrar alguma coisa.

"pensamentos de ferir a si mesmo ou aos outros" é sintoma. resta saber, no meu caso, de quê.

***

daí eu olho pra janela com a fotinho dele e lembro de como começou eletrizante e do que aconteceu e de que faz só quatro meses e parece que é uma vida inteira de se ajudar por aí e rir de bobagem e sentir agonia e se acalmar mutuamente e já dá uma saudade dilacerante porque eu começo a ver que eu acho que sei o que vai acontecer ou começo a achar que sei o que seria o mais certo a fazer.

dizem que eu preciso de alguém mais leve, mas a verdade é que eu não sei se essa pessoa existe e começo a ter a impressão de que eu nunca vou conseguir passar mais de dois meses em paz com alguém porque em algum momento a equação saudade x liberdade x tempo simplesmente não vai fechar e eu vou sentir dor de novo porque vou ter que pensar de novo todas essas coisas e o mero pensamento de viver o ciclo de novo me faz ter preguiça de estar viva.

ficar totalmente sozinha eu nunca consegui. talvez ajudasse, mas se eu fico sozinha eu acabo pegando alguém, e eu sempre quero ver de novo porque intimidade é delicinha mas sempre sempre sempre vem com merda e mais merda junto e lá vamos nós de novo.

não sei se é saudade, ansiedade, raiva ou tristeza, mas queria falar com ele. não saberia o que dizer. ele não vai falar comigo pq eu já nos gastei. péssimo dia para produção musical, cantar por cima do nó aí sim eu quero ver.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

elogios

sempre fiquei meio desconfortável quando me chamavam de bonita. as únicas pessoas que me disseram que eu era bonita e não me incomodaram foram meus avós e minha irmã. isso apenas porque eles conseguem sempre dizer isso quando eu menos concordo, e a sensação da contradição nesse caso é quentinha e confortável.

as outras pessoas dizem isso também. eu geralmente concordo, não sou cega. mas a maneira que elas dizem e as situações que desencadeiam esses elogios geralmente fazem alusão a uma de duas coisas: eu ter me arrumado OU um privilégio genético casual, que vai deixar de existir em alguns anos.

no primeiro caso, me incomoda porque tem gente que só diz que a gente ~está~ bonita se estiver "arrumada". não fazem por mal, na maioria das vezes nem sabem se você se montou, embora intuam, e possivelmente não sabem o trabalho que deu. se não é por maquiagem é por estar usando uma roupa mais femininazinha, tipo um vestido, ou por ter ajeitado o cabelo. sempre que aconteceu algo feito por mãos humanas com a minha aparência aparecem elogios. é bom saber que funciona quando quero me deixar mais bonita, mas fico pensando se essa sequência de ação-reação não reforça nossa cultura pautada pela aparência física (para mulheres, né, homens não sofrem nem metade da pressão).

no segundo caso, os elogios normalmente vêm de pessoas que têm alguma intimidade comigo, geralmente em um relacionamento amoroso. podem ocorrer a qualquer momento, mas quase sempre quando estou à vontade. do nada vem um "linda" ou um "gostosa" (sendo que eu não malho, até isso é acaso), carregadíssimo de amor pulsante. e aí eu sinto medo. eu temo pelo futuro porque eu sei que é a minha personalidade e o meu jeito de fazer carinho que mantém essas pessoas romanticamente interessadas em mim, mas o que aproxima elas é a minha cara e o meu corpo. e eles um dia (dia esse cada vez mais próximo) vão murchar e cair. e quando eu for velha e acontecer de novo a sequência de começo meio e fim do amor, quando chegar no começo de novo eu não tenho certeza se as coisas que eu digo e faço vão parecer tão bonitinhas assim vindas de uma velha pelancuda.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

superaquecimento

eu queria desmaiar.

se eu desmaiasse eu tinha uma desculpa bem plausível e podia ir pra casa e resolver pelo menos uma parte das coisas. a parte que congelou o resto. tudo fluiria se eu pelo menos desmaiasse.

fico mudando de aba como uma barata tonta, com um zumbido na cabeça que me obrigou a desistir da música.

eu quase queria que me desse um troço mesmo.

assistir minha própria loucura ta ridículo.

peço desculpas aos envolvidos, vou tentar me controlar e parar de ficar falando sobre como eu não consigo trabalhar por causa desse nó na garganta que puxa o cérebro pro cu e me faz pensar merda por falta de opção.


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

mais um

só mais um texto
pra descarregar tudo
o que fica circulando pela cabeça em ritmo de centrifugação

bbbbbbffffffffff

é o barulho que eu ouço de dentro das orelhas quando a força centrípeta joga ele pra fora pelos dedos

assim mesmo, agora

ufa.

sobra a taquicardia leve. falar dela esquenta os ouvidos, agora mais calmos.

só agora releio e tenho um microespasmo de riso.

e então a garganta seca de vergonha:

nunca vou saber como é ler isso tudo de uma vez só, sem nunca ter lido antes e sem saber do que se trata.

pronto.

acho que agora consigo voltar pra antiética das edições de texto, que inclusive inseriu o "de vergonha" na frase ali de umas linhas pra cima.

só pra se despedir. só mais esse assim menos feio. 

fail. 

vou lá é editar TCC burro dos outros, que eu faço mais arte que aqui.

urgente!

queria te abraçar e te dar carinho e te dizer que tudo vai ficar bem. mas eu mesma não tenho certeza porque os últimos meses me mostraram um lado tão sombrio da tristeza que eu tenho medo do efeito do que o que eu te mostrei do que eu sabia racionalmente da vida pode ter feito com o teu espírito que é tão mais sensível que o meu.

choro escrevendo isso porque eu sinto que tu precisa se achar sozinha e se resolver sozinha e que a avalanche de conselhos te sufoca também. e também porque o meu jeito de dizer as coisas é às vezes meio cru e nervoso e até brabo demais e tu não merece mais dureza porque já basta o que veio antes.

choro também porque tem mais gente precisando de mim. hoje mais do que nunca a grama de onde eu não vou estar é a que eu acho que mais precisa de água.

queria ser bem grande e bem forte e bem equilibrada e bem mais carinhosa e conseguir te acalmar do jeito que tu merece, porque além de tudo eu acho que eu botei um pouco dessa tristeza aí te contando coisas que eu devia ter guardado pra mim e te mostrando confissões que podiam ser mal interpretadas e te dando acesso a mais sofrimento ainda ~pelo bem da arte~.

queria ser um rivotrilzão de pelúcia e pular em ti e mandar tudo embora.

queria voltar no tempo e ter me tocado antes que eu podia assumir tudo e ter cuidado melhor de vocês e a gente ter fugido juntos, em vez de só abrir a porta pra tu sair sozinha.

até te deixo ficar na tristeza, se tu acha que ajuda. não tem nada demais. mesmo porque eu mesma não sei o que fazer pra te tirar daí.
mas mantém em mente que tu tem que sair, por favor. por mim, lembra de botar uma mantinha no sofá de couro, porque quando gruda dói mais pra sair.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

inveja

tava querendo escrever coisas um pouco mais sensatas, tipo a história da Claudia e da Mina Guilhermina e do Fernando. daí aparece um blog que eu mesma encomendei justamente para não ser interrompida e eu não quero mais nem a cara deste meu. precisei vir fazer um carinho nesta minha caveira rosa.

eu não lido bem com essas pseudoprosas beirantes à poesia. eu gosto das palavras que eu conheço, dos ritmos que eu conheço, de jeitos de contar coisas que sejam o mais detalhados e verossímeis possível.

no entanto, ela faz tudo isso, com menos palavras e de um jeito mais engraçado. eu não consigo entender.

vou voltar pra essa galera. a história vai sair. e vai me ensinar muito sobre o que eu acho que sei sobre culpa e ciumes, sobre ser invejosa e ser boa e sobre PROCESSO.


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

15 minutos

É o tempo que eu tenho para vomitar antes de o namorado chegar que essa chuva está opressiva e namorar também porque o cara tem um histórico assombrador e ainda está colhendo os frutos de ter sacaneado a mina na forma de fofoca que causa choro dela em festas nas quais ele não está presente mas os ditos amigos sim, fofoca essa que serviu pra contar menos do que ela já sabia, segundo ele, mas de forma bem mais agressiva.

Não estava opressor até hoje de tarde. A história me atingiu mais do que devia, tendo dormido pouco e comido menos. Antes disso estava bem porque tinha sol e tempo e tranquilidade e barriga cheia de comidinha feita por mim mesma em casa. Hoje teve correria e chuva e encheção de saco pelo chat chato e o cigarro nos meus dedos agora em vez de me acalmar me baixa a pressão e suja meu teclado novinho recém vindo do conserto (verdade seja dita, ele mandou pro conserto pra mim, mais uma dívida pra minha conta de culpa por estar tão furiosa).

Achei que era ciúme a minha brabeza, porque ele acabou me contando que só soube de tudo isso porque mandou uma mensagem despretensiosa pra ela e levou patada. Mas me dei conta depois que não. Pelo menos não totalmente. Eu falo com meus exs o tempo todo, mas sobre coisas leves e projetos em comum. E a coisa é aberta, ele pode falar com quem quiser, na real. Se ele tivesse algo com alguém ia me incomodar mas ao mesmo tempo ia me fazer bem, porque a devoção indiscriminada dele me incomoda muito mais, pela hipocrisia intrínseca que acaba sendo gerada pela demanda que esse tipo de devoção cria em ambos a longo prazo. A liberdade tem um preço que eu estou disposta e decidida a pagar.

A questão é que com ela, especificamente, é sempre o relato de um drama desgastante, e eu não consigo deixar de odiar os dois: ela por ser loca e dependente e ele por ser um sacana com pose de coitado injustiçado diante das verdades que falam dele por aí. Tenho pena da falta de confiança dela. São informações com as quais ela nem deveria se importar porque afinal ele já contou tudo e era pra estar tudo na mesa e ela poder rebater fofocas com um "eu já sabia, falemos de outra coisa". Suspeito profundamente que ele não soube sugerir que esse era o motivo de estar contando tudo. Queria ser o grilo no ombro de cada um deles, pra pararem de ser loucos e me deixarem louca por tabela pensando em ser um grilo em vez da pessoa que sou.

A pressão estabilizou. Mais um cigarro, dessa vez sem escrever. Tenho pouco tempo mesmo.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

projeto sonho lúcido #2

só lembro do chefe.

do chefe gato.

lembro dele muito perto, do sorriso cúmplice, do hálito quente e cheiroso.

gangorra

brincava com a imagem da gangorra antes de saber da possibilidade congênita real da bipolaridade.

dores de barriga, palpitações, formigamentos nos dedos e ver pontinhos de luz é o que acontece quando tento controlar a gangorra racionalmente.

dá vontade de chorar.

dói o coração, fisicamente.

devo estar virando cardíaca, dói pra respirar.

perco inclusive a vontade inicial e repentina de loquiar porque estava de bom humor só de pensar na culpa de ter que organizar minha vida com namorado para ter que fazer o que eu já disse pra ele que ia ser, que é eu poder sair sozinha e ficar sozinha de vez em quando.

se eu não falo, depressão ou infarto.

se eu falo, depressão ou infarto.

se eu termino, depressão ou infarto.

depressão ou infarto.

depressão e infarto.

seeee-saaaaw.
seeee-saaaaw.
seeee-saaaaw.
seeee-saaaaw.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

I want some sugar in ma bowl

Sobre como não se pode trabalhar por menos do que se vale

Consciência de classe, ou o quê? Chapada demais para responder. Decidi não fazer o frila abusivo. Passei mais tempo me recuperando da decisão e me justificando por ter feito isso do que escrevendo o curriculo que eu disse que ia escrever para ver se consigo uns frilas melhores.

Mudei de ideia porque este post me fez fazer as contas direito.

Burra, pero no tanto.

Formigamento no cérebro.

Beijo.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

realismo epifânico

tenho a necessidade doente de descrever cada epifania.
ontem percebi o quanto de fato exploro as pessoas à minha volta. financeira e emocionalmente. nunca estou plenamente disponível. não tenho noção real de tempo, menos ainda de finanças.

começo a questionar meu autoconhecimento como um todo. sempre me achei injustiçada porque minha mãe era maluca, mas não terei mais esse direito se acabar como ela. sempre achei que o mundo não me entendia, mas hoje sei que realmente quem não vinha entendendo o mundo e as pessoas era eu. minha falta de ambição prejudica as pessoas que me amam. eu não posso ignorar esse amor porque se há algo que existe no mundo é isso. o resto sim é poeira cósmica.

tenho a necessidade doente de fazer planos que não vou cumprir.
como em outras vezes em que me culpei pela desgraça da minha própria vida, meu impulso é narrar todas as coisas que eu deveria ou pretenderia fazer a partir de agora. só de pensar em fazer isso de novo já parece que não vai acontecer.

mas dessa vez o problema é com os outros. com o apoio que eu não dou aos outros porque só vejo os meus problemas. por exemplo, tive a cara de pau de falar pra minha tia que ia precisar de um sutiã novo pro casamento dela. quando ela me falou que não ia poder porque era caro foi que me toquei do quanto ninguém é rico mesmo e eu preciso conseguir coisas por mim mesma, mais do que eu consigo. para poder, pelo menos, comparecer dignamente, ainda que não consiga ajudar ninguém diretamente. poupar preocupações aos que me amam, e não estar fingindo.

e tenho que atentar mais especificamente pra a minha irmã, que não pediu pra nascer e buscou abrigo na casa que talvez tivesse sido só minha se ela não quisesse vir junto quando eu saí da casa da minha mãe. é como se eu tivesse mesmo ganhado uma filha grande, que depende emocional e financeiramente da minha sanidade mental e gentileza. eu sempre odiei isso. mas só hoje me dei conta que odiar isso é ser igual à insensível egoísta loca da minha mãe. é injusto não apoiar de coração a minha irmã porque foi exatamente o que a mãe fez. e a minha irmã só é assim maluca e dependente e surtadinha porque a mãe não soube se resignar a criar aquele nenê com amor e despejou desprezo na cabeça dela desde sempre. eu tenho que conseguir me resignar se isso é o que diminui o sofrimento alheio.

não adianta eu condenar os grandes empresários que são exploradores e visam o lucro e desviam pra facilitar a vida às custas do dinheiro dos outros e da qualidade de vida da população a longo prazo se eu não consigo fazer na minha vida nenhum sacrificio pra que as pessoas à minha volta vivam um tiquinho melhor. começo a achar que se eu tivesse uma mamata dessas talvez eu pegasse porque me falta empatia em um nível doente.

só não me mato porque aí sim seria o cume do egoísmo. menos mal que a minha vontade de não ser mais egoísta ainda é maior do que a minha vontade de morrer.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

dor

A dor já não é dor porque dor dói em algum lugar. Quando a dor para de doer e só existe como presença, eu desaprendo o nome e não consigo mais escrever sobre ela. O amor ainda existe, mas a fé na vida a dois morreu mais ou menos nesta época ano passado.

Leio as coisas que os outros escrevem e as dicas de como escrever e me dói. O bukovsky disse que não vale a pena escrever se não doer como cagar um cagalhão gigante enquanto você escreve. Eu não gosto do que ele escreve, na maioria das vezes. Mas ele conseguiu, e as pessoas gostam. Morreu pobre e bêbado. Eu não consigo querer isso.

Outras mulheres menos envergonhadas escrevem coisas parecidas com as minhas, e mostrando a cara. Talvez mais explicitas, até. Fico feliz por não estar sozinha, mas aí sinto também o tamanho do abismo que há entre o que eu consigo fazer e algo com talento verdadeiro quando me vejo nelas e naquela falta de talento gritante, frustrante. O texto livre e sexual é, para mim, forçado de ler. Acho bom enquanto sensação. Me identifico. Mas acho ruim de ler.

Preciso de uma história que ilustre tudo isso. Preciso expurgar a falta de fé. Cada pessoa nova reacende o torpor, mas a chama queima cada vez mais rápido. As drogas deixaram de ter graça há muito tempo. O trabalho me impede de ser criativa. A academia me exige mais ações burocráticas do que pensamento. Os preços sobem vertiginosamente e as crianças aprendem cada vez mais cedo a cuidar apenas de si e a não dar bola para suas mães loucas. Eu aprendi tarde. Não sei o que recomendaria...

Queria dar conselhos. Achava que um dia ia escrever algo que ia influenciar as pessoas a prestarem mais atenção nas emoções umas das outras, e a darem mais bola para suas próprias dúvidas sem sentirem vergonha. Perdi toda a vergonha, mas também perdi a capacidade de dar conselhos. Não sei o que nos salvaria e não quero ser responsável por más escolhas. Apenas não ser violenta me parece a melhor saída, mas em um sistema desses, em que "não é sim e sim e anal", a vontade de dar um tiro na testa de alguém parece perigosamente legítima.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

coceira

computador bichado.

alem disso, aquela consciencia de finitude que toma conta de tudo.
medo das pessoas.
medo de mim, do que vao pensar do que me é natural.

organizar meus dias e meus pensamentos é sempre um martírio porque eu gosto demais da sensaçao de estar conquistando algo, de gastar tempo da existencia com isso. mas aí os amigos começam a querer fazer double dating e eu começo a me perguntar se quero de verdade ou se era uma coisa passageira.

o que nao é passageiro?

porque a opiniao das pessoas importa tanto?

porque algumas coisas nao passam?

vao dizer puta vagabunda sacana fogo no rabo vadia desequilibrada.

só a parte do sacana é mentira.

sábado, 31 de agosto de 2013

projeto sonho lúcido #1

estamos no apartamento da maga. a luz é excessivamente amarela, como se tivesse muito sol, que na vida real não bate lá assim. estamos eu, a maga, o ruivo e o professor. não lembro da conversa.

fomos dormir, eu e o ruivo, em um colhão no chão da sala. não dormimos. gozei duas vezes, reflexo de realidade. o ruivo levanta e não aparece mais.

no lugar dele aparece o professor, e deita de conchinha atras de mim.

"toda gostosinha" apalpando minha cintura.

penso "quê?"

"já gozou muito hoje, né?"

e enfia o pau duro em mim.

me diz mais adiante que não está mais casado. eu me importo de aparecer com ele na frente da maga, mas ele não parece se importar. penso no ruivo, mas ele sumiu. lá pelas tantas o professor pega minha mão e me pede desculpas sem sotaque por ter sido rude. eu rio, era exatamente o que eu queria, só estava surpresa.

saímos todos. encontramos outro aluno dele, sem especificações. decidimos ir para minha casa tomar café.

passamos reto pelo prédio de porta de metal com vidro canelado. na hora de voltar, são vários e eu não consigo encontrar o meu. escolho pela lógica o primeiro, sem certeza. os corredores tem um pé direito muito baixo e azulejos verde-água.
cruzamos com uma velhinha com dois cachorros enormes mais velhinhos que ela que nos trancam a passagem no corredor por alguns segundos.

no apartamento, eles me contam que dez anos antes alguém fazia cosplay de um personagem que eu não consigo mais saber se era o heathcliff ou o dorian gray e ia pro parque da cidade cantar as mocinhas.

estou no parque, 10 anos antes. as roupas das pessoas parecem de 30 anos antes. vejo uma fonte quadrada meio de vidro, bem brilhante, que nunca existiu. tinha uma placa com algo escrito na frente, uma palavra só.
passo por três meninas de seus talvez nove anos. estão fantasiadas de fadas ou bailarinas e riem muito.

estou com elas em um apartamento de paredes brancas com estantes de metal cinza abarrotadas de brinquedos quebrados. as meninas riem muito conversando entre si sobre como nunca nenhuma delas tinha conseguido cuidar bem de seus brinquedos.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

crise managment

forcei a barra, porque não conseguiria fazer outra coisa. decidi que ia ceder, que a culpa era toda dele e que eu não ia mais me segurar e que ele que se virasse pra conviver comigo e com ela ao mesmo tempo porque eu ia aceitar todos os convites dele pelo tempo que ele aguentasse. e que se fodesse.

dois dias depois acontece o que ninguém previa: há mais um solteiro na cidade. ele teve estômago e coração de fazer o mais certo, apesar do medo. gamei mais.

acabou me dizendo que foi por minha causa. tenho um pouco de medo porque meu discurso sempre foi o de que ele tinha que fazer isso por si mesmo e não por mim, porque todos sabemos que eu não sou "confiável", que eu mudo de ideia, que eu não vou monogamear nunca mais e etc.. além de que ele não sabe que eu sei que ele já corneava ela antes (não conto que a amiga contou pq tenho bom senso), então eu sei e ele também que isso era mesmo a melhor coisa a fazer por ela. escrevo justamente para conseguir me organizar, senão fico ficando com pena dele, e não dela e nem de mim, que somos as que mereceríamos. ele ainda está falando com ela, e eu encorajo. meu problema não é mais gente, é mais mentira.

de qualquer forma, reina a calmaria, como fazia semanas que não.

minha insensibilidade aparente é sensibilidade em demasia, no fundo. é importante que isso fique claro, até pra mim.

ele é todo laranja, com pele de ruivo de cetim. por hora é só isso que eu sei.

domingo, 21 de julho de 2013

descontrole emocional

tá, e aí?
não vai falar comigo?
acho que é muito fácil ficar plantando coisas nas pessoas até que elas ficam furiosas o suficiente para serem estúpidas contigo e depois ficar na sua por uma hora sem nem se pronunciar.
eu sei que eu talvez tenha passado a linha, mas foi só porque tu me mandou aquela mensagem liberando ligações de tarde. como assim, sabe? complô não.
eu to sofrendo.
cada minuto a mais naquela contagem que eu deixo aberta de masoquista me mata um pouco mais.
aí tu fica off de novo, e de novo, e eu morro mais toda vez.
aí eu fico vendo tuas coisas na internet por inercia e não tem nada novo e eu sou obrigada a ver as coisas que a excelentíssima comentou meses antes.
mas ainda é melhor que ver elas surgindo na timeline simultanemente ao crescimento da paixão que nem na semana passada.
tu queria o que também? minha paciência de jovem tem limites.

veio. here we go again.

coração batendo nos tímpanos

terrorismo do amor. mais terrorismo que amor, na prática. mas muito amor por trás do terror.

lancei uma trégua depois de um xingamento que estou exitando descrever como "primeiro", mas que pode-se dizer que foi. 18 minutos, ele entrou a uns 12 e nem visualizou.

sou toda arrepios e suspiros. queria que isso sumisse.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

missão

mais amor. é só o que se escuta nessa cidade. mais amor e mais liberdade. e mais transparência. e mais responsabilidade e justiça. e mais curtição. e mais comidas naturais e mais horas vagas.

mais amor é a minha missão. minha militância. mais amor de todos os tipos, inclusive amor próprio. amor aos próximos e aos deles, que também são seus e de deus, e amor a deus, que é o universo e cada um de nós, que é estar vivo etc.

essa coisa de inspiração de sensações e coisas bonitas ou pelo menos construtivamente chocantes, honestidade real sobre a falta de motivação decorrente do desejo de ser amado e de viver pra sempre e de estar de barriga cheia de bacon.

mais cara de pau. mais cara a tapa. mais mordidas, com mais gana. mais apertões, mais vontade. de todos os lados, de todo mundo.

mais honestidade e expectativas realistas. fé nas pessoas, acima de tudo, até do realismo. fé em todas juntas, porque feitas da mesma coisa. inevitavelmente juntas, conectadas, partes indissociáveis de um todo vertiginosamente maior. fé em estar aqui e agora, que é só o que nos resta.

estar importunando esse cara não deixa de ser good karma. que doa depois, talvez assim eu consiga escrever pra aliviar a dor e espalhar a semvergonhice bem intencionada por aí, se não conseguir espalhar até ele.

ruivinho filhadaputa (2)

estou aqui já quase não bêbada às 4:30... mais vinho.

perfeito pavor de voltar a um estado de consciência que seja um pouco mais nítido do que o que está acontecendo agora. mais vinho.

bukowsky na veia. inclusive na constatação da podridão e da mediocridade e na consequente vontade de cagar a pau um ruivo específico. mais um título pro meu currículo: amante de um (quase) quarentão ruivo. mais vinho.

ele plantou isso em mim. não tem outro jeito de definir. depois de ter se declarado pra mim e ter sido rejeitado por ter namorada, ele entabulou conversas pela porra do chat por meses a fio mesmo assim, sendo cada vez mais awesome (ver aqui). então um dia ele me convidou para tomar uma cerveja e pagou toda a conta enorme enquanto eu estava no banheiro, e me fez querer pagar outra pra ele. mesmo porque a conversa tava simplesmente genial. mais vinho.

teve aquela noite de segunda. eu tinha prova no outro dia. depois de tentar convencer indiretamente a tomar uma cerveja e fracassar, me resignei a estudar enquanto conversávamos. minha vez de me declarar, declarando o suor das mãos. infarto iminente, aparentemente mútuo. digo, declaradamente mútuo, porque o que te declaram já vem com uma aparência que a pessoa que declara quer produzir, e eu já não sei mais se confio no que ele me disse. mais vinho.

na terça saí com as amigas. tínhamos combinado de nos ver na quarta. bebi com as amigas cidade afora até acabar em um beco sem entrada, totalmente lotado. desistimos de entrar na festa e rumamos pro boteco chinelo-caro da esquina de casa. chegando na esquina vejo o próprio ruivo, sem encontro combinado, materializado chegando pelo outro lado da calçada. sorrisos nervosamente incessantes. minha amiga sugeriu que fossemos todos pra minha casa. nessa noite dormi com ele pela primeira vez. o cheiro dele era azedo, e a pele era de cetim. mais vinho.

no dia seguinte fui até a casa dele. estranho no início, muito lixo, cheiros suspeitos. quando finalmente deitamos foi mágico, mesmo com os cheiros estranhos. a maleabilidade dele na cama era ainda muito mais do que eu esperava. mais vinho.

só nos vimos na segunda seguinte. no meio tempo decidi confessar minha agonia. ele já sabia. "tu me odeia, né?". "sim". aí deslanchou. mas depois deslanchou mais cumplicidade. pelo menos parecia. de novo na cama dele, agora limpa, ele disse que ia "resolver a vida", mas não disse quando... mais vinho.

desisti de ver por um tempo, pelo menos por hoje. não aguento estar fazendo isso. também não aguento não fazer. dor nas tripas. pelo amor de deus mais vinho. muito mais vinho.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

amor à vida

vão tudo se fuderem, na boa. gente procurando mãe e pai biológico por aí... é muita romantização da coisa, aí sim, de um jeito nocivo à auto-estima, com hífen, da pessoa. olha em volta, olha esse mundo. quem já viu bebê perdido? e quem já viu bebe achado por aí e pegou pra criar? e os que nem tinham mãe, os que mesmo tendo não tinham, em quantos graus... se eu descobrisse hoje que sou adotada, não ia querer saber. não por mal, mas é que eu realmente acho que não é só sangue que faz isso com as pessoas, de elas se abraçarem e se amarem e se darem comida. se tivessem duas pessoas no mundo e elas não fossem parentes elas iam acabar se ajudando e se curtindo igual porque esse é o impulso que deveria existir, e que é sim mais fácil em grupos pequenos, taí a notícia da tendência do mini-wedding no yahoo pra não me deixar mentir. enfim.
tem a alusão não explícita ao aborto nesse título, na verdade anti-aborto, né, que se eu fosse um pouquinho mais nerd poderia lincar com umas teorias de discurso aí e fazer eles mudarem a porra da entrada da novela. acionava as feministas e denunciava que o corpo é de cada uma e calem a boca e parem de nos fazer parir quando a gente não quer pra depois demonizar a adoção, fazendo novela sobre as pessoas indo procurar mãe biológica... mesma coisa do pai biológico estuprador daquela lei estúpida desses religiosos filhos de chocadeira elétrica querem passar, estão passando, já devem ter passado e eu aqui...
aí a entrada ainda faz o pior uso imaginável de uma animação simplesmente sublime, transformando em meleca sentimental uma coisa que é bonita e legal e profunda. eles editaram, cortaram pedaços, mudaram o som e ficou uma bosta que eu não vou nem ir atrás pra ver de novo que dá náusea.
aí pensa que a bebê perdida no início é rica, filha da mina rica. é achada por uma família pobre, mas que se vira. tudo na mesma casa, se ajudando, que bonito. bonito mesmo, a ironia é nas outras partes. essa mina rica-mãe, por sua vez, aparentemente é adotada. e está procurando sua mãe. aguarde próximos capítulos. ou não. eu não, na real. mas eu sei de tudo isso porque a minha vó e o yahoo me contam. e eu espio se tiver passando. por isso que eu não tenho TV, ia viver deprimida constantemente com a minha feiura, além da burrice daquelas pessoas bonitas. e olha que eu nem sou tão esperta nem tão feia. eles é que exageram nas expectativas. e vai ter azar específico assim, parece novela mexicana, apelaçaum.
e ainda cortam e editam tudo o que passa na mão deles. e ainda fazem isso pra piorar as coisas, a exemplo da abertura. nem pecado isso não é, que pecado tem perdão (pra mim, né, o meu deus é amor). aquilo ali é pior, é inafiançável, é malvado mesmo. as pessoas tem mesmo que ir na tevê lá, porque a tevê materializa hoje a voz de tudo o que te dizem que tu tem que querer, desde dinheiro a tamanho de peito cor de pele carro viagens gianechini a bunda da sabrina sato etc. tevê não, míííídia.
o problema é o alcance e o discurso, só. de resto, eles são livres. mas usar esse discurso com esse alcance deles é maldade com o cidadão de bem. "eu espero ele em casa", diz a fátima bernardes sobre sua união duradoura. nenhum problema especificamente com esperar a pessoa em casa, é só o jeito, podiam ter dito "a gente espera o outro em casa". são dois jornalistas com horários diferentes, certo que os dois se esperam. mas eles posam de família comum e pregam que ela espera. e isso está nas entrelinhas ou eu to vendo coisas? com aqueles terninhos e cabelos bem penteados... minha vaidade anda num momento bizarro esses tempos em grande parte porque esses cabelos bem penteados e maquiagem e tudo muito no lugarzinho me dá nos nervos. é muito artificial, ao vivo ninguem fica assim o tempo todo. mas a expectativa sempre volta pro "melhor" que tu já viu. aí já viu, desilusão eterna. é isso que eles fazem com as pessoas, fazendo elas acharem que não se bastam, e por isso que não se mandam. satan's little helpers hehe.

terça-feira, 2 de julho de 2013

cambia (casi) todo cambia

o encanto que as pessoas exercem entre si é uma coisa sensível. o cheiro das pessoas muda com o tempo, acho que a química pessoal interfere na nossa percepção química dos outros. não tenho mais tesão pelas pessoas que eu tinha, elas estão velhas e burras, mais que eu. talvez por isso os novinhos sejam tão atraentes, tem uma coisa limpa e cheia de energia e inocente neles que não morreu ainda. tem uns que parece que dá pra assistir morrendo, o que é mais triste ainda porque se vêem os relampejos do passado brilhando nos olhinhos ainda de vez em quando, junto com os prenúncios de um futuro triste e sem graça e pessimista e o caralho.

ver os meninos os três hoje no sol e não querer nenhum e ver que os outros que não me conheciam ficaram achando bom quando eu cantei foi bom pro ego, mas pareceu também vazio. tenho saudades de ter conversas de verdade com as pessoas. acho que vou conseguir uma dessas hoje. vou fumar ainda mais tb. melhor fazer café.

meu coração tinha que estar só um pouquinho mais no dinheiro do que na agradável contemplação do sol e fazeção de comida e tocação de peles do dia-a-dia dos vândalos vagabundos que não querem passar a vida inteira numa caixa. nem minha casa eu aguento mais. depois passa e eu volto a gostar, mas se não fosse inverno eu ia gastar bem mais tempo na rua e ia achar bem bom.

as frases que eu poderia estar escrevendo dançam na minha cabeça e não chegam nos dedos nunca. barulho de helicópteros. horário. temas de crianças, das que eu gosto hoje, que não vou entregar porque estou aqui reclamando da vida, de novo e de novo. helicópteros de merda. caixas de merda. cabeça de merda.

só não muda a minha sensação de que eu, individual e pessoalmente, não estou contribuindo em porra nenhuma pra melhorar a merda toda. eu tinha que ter um helicóptero. ou ser presidente. eu ia morrer assassinada nos dois casos.

sábado, 18 de maio de 2013

interrupção

é ilegal deixar de ter um filho que você não pode ter.
a gente ainda faz, mas daquele jeito ou superfaturado ou precaríssimo.

hoje é sábado. na quinta fez uma semana que eu estava atrasada. segunda vou fazer os exames.

queria parar de pensar nisso ao mesmo tempo em que queria conseguir pensar nisso direito.

a decisão tem que ser só minha. mas eu não queria, queria muito ter um companheiro que tivesse uma opinião que eu achasse válida discutir (o pai da possível bola de sangue chamou de "vida", mas disse que "aceita" o que eu quiser). e que conseguisse falar comigo de maneira que eu sentisse que estou falando com a pessoa que participou do processo junto comigo, e não com alguém que deixou cair isso em mim sem nem pensar no que estava fazendo pra eu ter que decidir o que fazer. tipo, teu material genético está alojado em mim, eu não coloquei ele aqui sozinha...

eu sei que o corpo é meu e que a decisão final é minha. mas a responsabilidade não é só minha, e o bullying que eu vou sofrer vai ser só meu. ninguem vai dizer "bah, aquele casal rateou", é sempre "mas ela não tava tomando nada?".

dificil pensar em todos os aspectos em que eu me sinto desconfortável por causa disso. meu corpo tem vontade própria, faz o que quer e dependendo do dia até me controla, e eu vou ter que contar isso pro meu pai, que jura que acidentes são fabricados, não só pra dar a informação, mas pra pedir ajuda. vou ter que dizer que fui burra o suficiente para deixar com que meus hormônios me enganassem e que agora preciso de uma pequena fortuninha para resolver isso, sob pena de ter um remelentinho bizarro aqui na próxima visita deles e para sempre.

pro pai disso não tenho como pedir, ele não tem como ajudar. nem sei se ajudaria. vou sim falar no assunto, vai que da uma luz e ele resolve querer diminuir a minha carga, não to rica o suficiente pra ser orgulhosa, ainda mais com isso, que nem é só culpa minha...

aí eu tenho que dar uns milzão pra fazer isso direito. trezentinho pra fazer em casa, com risco de ruptura e tudo.

e a vergonha.

e o nenê, claro. é muito muito triste pensar que podia virar um nenê se eu deixasse. o que me segura é justamente pensar num nenê que eu mesma ia patear tanto, e que ia ser um fudido, pq eu sou uma fudida e o pai dele é pior ainda. tem gente que não precisava nascer só pra sofrer. tem eu também, esse nenê imaginario me roubaria pra ele, eu não quero ser de ninguem assim... e ter que estar ligada ao pai dele pra sempre do sempre não sei se eu quero. "não sei se eu quero" me da até vergonha. mas é. ele é o máximo, mas eu queria conversar sem escolher tanto as palavras.

enfim, se fosse outro cara talvez eu pensasse. só não quero um filho dele. sei la.

sábado, 20 de abril de 2013

sobre como só me dá vontade de escrever quando está acontecendo alguma coisa na minha vida

só que daí eu tenho que ir la fazer a coisa acontecer, e quando foi eu já não lembro mais o que eu tinha pensado. quão idiota é isso?

escrever por quê? pra quem? o quê?

parece idiota, mas ter essa urgência me dói fisicamente às vezes, eu sinto e não consigo fazer.

já começou a não fazer sentido.

ou eu que não estou entendendo nada.

porra, eu tava com pressa.

queria e não queria ir. a última vez que eu fui foi no dia dos namorados e foi um desastre. por um momento eu achei que ia ser bom e foi patético e vergonhoso. no entanto eu queria ir, me desafiar, ser uma pessoa que se diverte numa festa, tenho medo das pessoas, elas não te olham às vezes.

eu não sei se eu faço esse movimento de olhar os outros que estão sozinhos também. nunca me vi fazendo. mas do lado de cá parece estranho ninguém fazer. cês não têm pena? deviam ter?

ta, óbvio que não. vou me vestir.

beijo.

P.S.: pula uma janela de bate papo, passa um mendigo berrando, penso na minha roupa e me dá medo e frio. meia de lã, sua linda.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

meu cu pra mim mesma, eu tenho que me ferrar mesmo

ontem passei o dia mais lindo de trabalho do mundo, com direito trabalho feito de fato, ajuda na cozinha e bolo e sexo com amorzinho e eu achava que ia estar tudo bem  o resto da vida.

hoje não fiz nada do que eu TINHA MESMO que fazer, não tenho dinheiro, não tenho nem cigarro. tenho só muito trabalho e nenhuma vontade. NENHUMA VONTADE.

só me dou conta quando já é tarde e eu não fiz nada, aí é a culpa do tamanho de um caminhão e o medo do prazo e a solidão e a pobreza que me fazem chorar e eu sei que o buraco é mais embaixo mas não me controlo.

eu não sei mesmo o que fazer da vida porque tudo de vez em quando me dá essa sensação de que pra fazer tudo o que eu tenho que fazer eu tenho que sumir comigo e viver no piloto automático e nunca relaxar e eu não consigo e eu só mato aula e não trabalho direito e fico parada pensando e nada acontece além da culpa gigante.

me odeio mesmo hoje.

sábado, 6 de abril de 2013

Post relâmpago

Algumas músicas te ajudam a argumentar a favor de que nada tem problema e que o mundo é lindo e qualquer preguiça será perdoada na fluidez das sensações.

http://grooveshark.com/s/D+a+Despues/4A3gSj?src=5

quinta-feira, 21 de março de 2013

Ruivinho filhadaputa

Sempre que falei de sexo por escrito, numa conversa que não fosse com as amigas, foi com desconhecidos da internet. Com alguns desenvolvi paixonites e relações que se aprofundaram em mim, com outros era só o falar por falar mesmo. Mas sempre envolveu uma coisa explicita, do tipo "vou fazer isso e isso" e com respostas diagnosticando os níveis hormonais.

Mas indagorinha tive um vislumbre de tesão numa conversa que não tinha nada a ver com o assunto. Tirando sarro de fundamentalistas, falamos de maneiras cristãs de procriar, sobre tabelinha e papa e bolsonaro. A cada risada eu sentia uma pontinha de cosquinha no fio que eu sinto que tenho que puxa meu coração pra trás em movimento de torção ao mesmo tempo que me abre toda. Não sei dizer.

Gosto desse cara. Ele tem namorada, à distância (e, pelo que eu soube por cima, há anos). E é um dos melhores amigos de uma de minhas melhores amigas. Território proibido, portanto. No entanto, não consigo não corresponder com o melhor de mim cada vez que ele fala comigo, porque eu já gostava dele antes de saber que ele gostava de mim, e sabia que ele gostava de mim antes de saber que ele tinha uma namorada. Aí, quando eu mesma digo "tabelinha pode" na conversa debochada, sinto como se tivesse dizendo "eu transo e você também, que tal?".

"Gostar" não é o melhor verbo, mas não achei outro. Ele me interessa. E me diverte. E continua falando comigo mesmo quando eu disse que não queria nada com ele PORQUE ele tinha namorada. É um filhadaputinha disfarçado, provavelmente. Agora que me lembro, notadamente. Essa minha amiga me disse, quando eu falei dele, que recém agora ele parou de sacanear a namorada. Penso nisso e penso que a culpa não seria minha, afinal a namorada é dele. Mas morro de vergonha da amiga, então por hora isso está fora da discussão.

Mas né, conversa vai, conversa vem, a gente se fala umas quantas vezes por semana. E eu nunca posso convidar ele pruma ceva. Difícil a vida.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Testemunho

Comecei ontem a ler o livro da menina que escreve o blog Cem Homens em Um Ano. Junto com isso, estou terminando o prefácio de Amar, Verbo Intransitivo, do Mário, e peguei cozamigo A Casa dos Budas Ditosos do João Ubaldo. A pilha confessional e o tema "amor", com a polissemia necessária ao seu emprego, me fizeram ter impulsos levemente mais concretos do que eu quisesse escrever. Um conto, talvez... Algum episódio, meio ficção, meio biografia, os dois, e, portanto, nenhum plenamente... O Garcia Márques disse (eu li num dicionário dele editado por supermercado, então também não boto a mão no fogo pela referência) que o melhor jeito de contar uma história é dizer a verdade. Assim (!), juntar aspectos possíveis, verossímeis, ainda que não necessariamente reais, me pareceu um jeito possivelmente eficiente de contar uma verdade maior, à qual nem eu tenho completo acesso ainda, que reverbera em mim junto com as vozes que tentam formar linhas narrativas, ou pedaços delas, trechos de possíveis devaneios psicológicos, sensações que eu não sei se sei traduzir, mas às quais eu acho que as pessoas deveriam ser ao menos expostas...

Por hora, o que posso dizer é que sim, "amar" é intransitivo, na essência. Mas que a intransitividade não o impede de transitar-se à posição de quem objetifica, e, portanto, idealiza e, idealmente, interfere.

Perco o tesão de explicar no meio, portanto deixo assim. Os próximos textos podem vir a aplicar isto, se eu conseguir.


quarta-feira, 6 de março de 2013

segunda-feira, 4 de março de 2013

The Romantic Self

Dia inteiro em casa, primeiro beck às 18:00, tendo acordado ao meio dia. As sensações se empilham de um jeito maluco, e eu, achando que estou consciente do mundo e das coisas acho também que estou consciente do fato de que a minha grande epifania é talvez uma consequência do fato de que o beck causa epifanias.

Mas o beck não causa epifanias, ele causa a sensação de epifania. Ou seja, o que eu descobri sobre o que eu ia escrever agora provavelmente não passe de uma reflexão mediana normal a respeito do mundo, mas para mim ela teve magnitude suficiente como para causar dor física, compreendam o que quiserem.

Enquanto releio os dois primeiros parágrafos o nosso querido preferido máster do mundo em termos de cama no momento diz oi, e faz uma piadinha interna linda sobre o fato de estarmos a dois bairros de distância, ele impossibilitado fisicamente de sair de casa e eu impossibilitada moralmente de ir até a casa dele porque simplesmente não dá (não suporto a irmã, falei), e o meu coração se enche de uma urgência física inexplicável de dar um beijo na tela, na direção da tela. É físico. É como se ele estivesse na minha frente.

Aí ele diz que quer dormir comigo, e eu choro. Ele diz com voz de doentinho, que fique claro. Eu choro de pena (de nós dois) e de saudade e claro que de culpa. E de muita vontade.

***

Tive uma conversa comigo mesma agora que não valeria a pena tentar descrever, embora talvez fosse elucidativo para mim. Eu culpo a presença da irmã dele. Mas poderia ser a mãe. Amigos? Tenho medo de que me julguem por estar iludindo ele. E também não tenho saco pros papos. E, importantíssimo, estou menstruada (além de tudo ele tem um sofá novo, não posso mesmo manchar, ainda mais que ele está lesionado demais para lavar a própria roupa, que dirá lençóis).

Mas só de pensar em deitar do lado dele me vem um nó delicioso na garganta, uma saudade pulsante, uma coisa visceralmente dolorosa que não passa nunca. Eu terminei com ele e nunca passou. Essa conexão continuou até o fim, o tempo todo. Será que em dois anos passa? Não pode ser amor com esse monte de porém que eu boto, isso seria ridículo. No entanto, não passa. Claro que nunca vai ser monogâmico, mas com os outros passa.

***

Tudo isso porque o meu pensamento inicial era o de que havia uma área da minha personalidade dedicada a ser romântica, no sentido literal mesmo, voltada para o romance amoroso. E que eu gosto de ser assim, de exercer isso. É gostoso.

Afinal, o que é o amor? E o que é o que a gente faz por amor? Eu teria que aguentar a ignorância e o machismo da família dele, e a falta de perspectiva do próprio, para poder dizer com propriedade que o amasse? Tenho que não poder dizer que amo ele só porque não quero, não me faz bem namorar com ele, casar com ele? Ao mesmo tempo, essa vontade de ficar perto que dá... Eu disse, porque achei pertinente. Sim, esse é o motivo. Porque ele tinha que saber que se não tivesse ninguém eu ia. E aí talvez ele estude e consiga um emprego decente e não fique numa ruim. Sei la se ele ta numa ruim, mas disse que tava. Enfim, foi um incentivo. Mas eu amo ele mesmo.

Internal cricket sounds

Mais uma vez nossa heroína encontra-se em um momento difícil da existência. Cá está ela, sentada com o computador no colo, passando mecanicamente a tela pelas piadas sem graça e notícias sem sentido, até que chega nas que já leu e reinicia a volta. Ao fim de cada ciclo, ou no meio, a todo momento, ela pensa em tomar banho para então ir à cidade e resolver assuntos burocráticos. A cada lembrança dessas ela para e escolhe um link, uma música, um vídeo, qualquer coisa que lhe renda mais cinco minutos de inércia.

Será que todo mundo é assim? Ela duvida: as pessoas vão às coisas, fazem o que tem que fazer, se formam. Ela consegue empregos com facilidade, mas procurar não aparenta estar na lista de prioridades, embora esteja. Vai perder o momento nas empresas, e vai ficar pobre. Fora os médicos que faz anos que não a veem, e que são realmente importantes. Vocês acham que ela foi atrás?

Com tudo o que deveria estar na sua cabeça neste início de ano nevoento, nossa heroína só consegue pensar com o afinco necessário em sexo. Ainda assim, nem quanto a isso se anima a agir, muito por medo do que as coisas podem se tornar. Ela sofre por não ter aquela conexão sensacional (de sensação, digo) com qualquer um, mas não procura o encontro mais promissor dos últimos tempos por puro medo de sentimentos (dos dela mesma, que não sejam compatíveis com os dele e ela tenha que se resignar; acaba por escolher a resignação prematura). Quem diria? Logo ela que se jogava de cabeça em tudo, com medo de um pirralhinho gostoso...

Verdade seja dita, ela não procura o encontro mais promissor porque a amiga ficou chateada. Porque a amiga não pega ninguém. Nossa heroína não julga o recalque da amiga, mas gostaria muito que a falta de feeling da amiga não a impedisse de fazer as coisas. A amiga odeia o cara porque ele não quis ficar com ela, e odeia nossa heroína por tabela, porque ela sim estava entre a lista de muitas em quem o cara deu em cima naquela noite. Nossa heroína sabe como essas coisas funcionam. A amiga não. Se a amiga ver que eles se adicionaram, vai ficar brabinha, e a nossa heroína não quer isso.

O momento é de congelamento na vida da nossa heroína.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

estrutura física ftw

artigo de opinião não é comigo. só gostei do arroubo da menina, porque ela acredita no que está comunicando artisticamente e ainda por cima bate na cara da sociedade (aqui também chamada reality show de talentos). e achei injusto eles não reforçarem o conteúdo da mensagem do poema, porque ME pareceu que ela teria gostado se aquilo fosse dito. talvez ela tivesse ok e eu aqui incomodando, né? enfim, ...

http://www.youtube.com/watch?v=e86hSRwkVoA

um dia consigo voltar a escrever claramente. reli os últimos, coisa mais trash.

é esse impulso de ser engraçadinha que me estica as referências prum terreno onde só eu rio. desculpa, mundo. to ciente, to tentando.

(nem sei se é só um problema de referência. acho que é além de tudo difícil de ler mesmo. será que maiúsculas ajudam? Será que maiúsculas bastam?)


enfim, ainda não vou fazer um balanço das últimas entradas ou do que aconteceu desde então porque tecnicamente ainda estou de férias. na verdade, "tecnicamente" não, porque tecnicamente eu estou desempregada. mas estou de buena, por hora. juro. :P

vou dormir. computador novo (FUCK YEAH), terei mais tempo para refletir decentemente de novo, e não só mais quando estou podre já.

tem que acreditar no objeto/conteúdo/objetivo(?) da sua arte. pensem nisso.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

arroubo típico.


Retiro espiritual do quase acaso

Day 3.

Não saberia por onde começar a cantar. Contar. Ato falho. Sempre quis cantar e nunca consegui fazer com as pessoas o que eu sinto cantando. Enfim. De qualquer forma, para expressar as minhas impressões acerca dessa história eu precisaria fazer tantas conexões que me perco até de pensar o que eu teria que fazer para explicar o porquê de tantas conexões. Haja pulso e cérebro que aguente. Erros de spelling em profusão, thank the gods for Word. The end. 

***

I have the attention span of a goldfish.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Apenas para registrar o momento


Estas se encaminham para serem as férias que eu acabo de enfiar no buraco simplesmente porque eu não consigo não ter um homem por perto, mesmo quando eu já to achando ele um porre que ele nem é pq a gente já tá a tempo demais juntos. Tem a parte do dinheiro (fui burra e fiz ele pagar todo o super sem querer porque me desesperei com o trabalho, e nem usei toda a comida), então tenho que segurar ele aqui pra pagar umas coisas, pra ser legal. De qualquer forma, a pior parte é essa conversa com chefe na segunda, que eu suspeito que vá incluir o último trabalho que eu fiz que nem a minha cara e a vadiagem habitual. Já estou pensando até em alternativas de emprego. Mas o que, meu deus? Que me pague decente e eu consiga estudar e não tenha ataques cardíacos ou de tédio. Tenho a impressão de que não é desta vez, mas haveria motivos suficientes. Não sei quanto tenho de crédito, mas acho que é muito pouco.

Rédea curta com o menino, e eu não queria. Mas não soube demonstrar outra coisa, porque eu sou uma maluca. MALUCA. Por isso que eu gosto do meu bonitinho bonitão, porque com ele da pra ser honesta. Porque com ele eu tenho certeza de que ele não vai levar pro pessoal nem esfregar na minha cara. Ai, tenho? Eu não tenho certeza nem do que eu faria...

(conste que este com o qual temporariamente divido o teto não cansa nunca, exceto quando dorme. Ter que ficar o tempo todo no ‘agora sim agora não’ é um saco. Eu sei que eu que sou a cadilandra aqui {preciso expurgar isso da cadilandra depois, lembrete on place}, e que isso normalmente seria uma qualidade, mas, não sei por que, não é. Será que to virando mullherzinha demais?)

Bom, bora fumar um que eu to quase de férias, tirando a reunião de segunda. E depois bora pro bar, ser cavalheira. E depois disso depois eu penso.

MIzão. Mas recebi, vou conseguir afogar, pelo menos.

P.S.: comunicação é uma coisa difícil de fazer, ainda mais chapada.
P.S.2: eu gosto dele, até. Preciso mencionar o calor nesta equação do demonho.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Pequenos episódios de insônia


Quando a cama adquire um formato que não é mais o do meu corpo, fumo a baga na mesa de cabeceira, e, quando sinto o conhecido baixar dos olhos, acendo um único cigarro. Às vezes dois. Nesse tempo, acho que penso em ti, mas penso em mim contigo. E desejo que esse tu não mude a cada noite, embora seja exatamente isso que eu busco. Sentir o teu cheiro no que ele tem de diferente de outros me enlouquece, e eu já não sei mais dizer o que eu prefiro. Loucura, companhia, conforto, liberdade, solidão. Todas as anteriores. A solidão é o alimento do gênio, alguém disse. A vida contigo me prende, mas há de fato quem (me) coma o que eu faço quando fico sozinha?

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Obrigada a todos os envolvidos


Batom, biquíni de bolinhas e um grampo de flor, colocado por mim, segurando o cabelo comprido só de um lado. Você agia como se estivesse finalmente livre e me libertava sem querer: para continuar perto, eu também precisava entrar na parte de mim mesma que eu nunca mostro.

E então, justo eu, que não me sentia capaz de comer ninguém, tive que me curvar e aceitar o desafio porque tudo era simplesmente irresistível e eu não ia te deixar esperando.

Aprendi a puxar, a morder, a lamber, a arranhar e a falar. Tudo doce, quente, escorregadio. E senti prazer em dar prazer simplesmente porque você confiava em mim o suficiente para querer aquilo, e quase morri de realização quando senti teu gozo escorrendo pelo meu corpo. Tudo doce, quente, escorregadio. 

E vi em ti o que eu instintivamente fazia com os outros, e me amei também, através de ti, do jeito mais bonito que já me aconteceu.

bearded pin-ups are fucking hot, my dear, dear friend!

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Fluidez

Não é nos teus olhos que está tudo o que precisa ser dito, mas eles dizem que tudo o que está sendo dito pela voz e pelo corpo é sincero e relevante naquele exato momento.
Não é [só] do formato do teu corpo que eu tenho vontade, mas do cheiro das coisas, do jeito que ele se mexe e dos barulhos que ele faz quando nossas mãos dançam tango na mesa do bar.

A pedra lapidada com os dizeres “para sempre”, por mais que dure, imponente e estática, não vive tanto quanto aquela gotinha que sai da terra rio abaixo doída e vertiginosamente até o mar só pra voltar voando feliz da vida.