terça-feira, 14 de dezembro de 2010

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Amor?

Estranho me comportar bem. Mais estranho ainda porque o momento não é nada propício, pra nenhuma das partes. Mas, aparentemente, quando a gente gosta da pessoa a gente faz funcionar. Veremos. Estar bem comigo mesma, como agora, é o que importa. Se ficar assim, posso até ir contigo morar na praia e plantar hortaliças. Só te liga, né, porque tu sabe o que eu preciso pra continuar querendo me comportar...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Mentiras sinceras

Alguns me acham insensível. Malvada até.

Já vi nos olhos de amigos próximos a mistura de pena e nojo que só a confissão de ações extremas consegue produzir (extrema é modo de dizer, não matei ninguém). Te entendem, afinal conhecem teu contexto e sabem que às vezes é difícil se manter na linha (da moral burguesa cristã, mas enfim, o mérito hoje não é a validade da moral, é a moral como ferramenta). Ao mesmo tempo, te acham imoral, errada, má mesmo, e têm pena das pessoas que interagem contigo (e gostam de ti), porque, afinal, você não respeita nada mesmo, sua vadia.

Às vezes até eu me acho má. Me assisto, quase como se fosse de fora, contar mentiras e esconder coisas deliberadamente, e deliberadamente puxando a brasa pro outro (meu) lado. Muitas vezes o assunto em questão nem mereceria menção, mas dou um jeito de mencionar para reafirmar minha (falsa) inocência. Mais além, independente de ser verdade ou mentira, de ser fato consumado ou vontade, trato de parecer coerente, mesmo que não seja.

Então percebo que estou apenas tentando conservar as coisas de um jeito que os envolvidos se sintam bem, e reafirmar meu comprometimento emocional real a determinada situação (leia-se pessoa, já que tá ficando explícito mesmo). Não posso contar coisas que fiz a quem se importaria com elas de uma maneira ruim para si mesmo. Menos ainda devo machucar outras pessoas se o que aconteceu não mexeu comigo. E mesmo que tenha mexido, afinal, nenhuma interação passa em branco, não preciso divulgar se, passado o tempo necessário para que me transformasse, não vai interferir mais na minha vida. E, principalmente, tem coisas que a gente tem que resolver sozinha, internamente, sem falar no assunto. Mesmo quando não resolve nada.

Por um momento nas últimas semanas, depois de uma dose cavalar de ‘interações’, achei que tinha mudado. Achei que, agora sim, era uma pessoa normal e fazia o que se esperava de mim emocionalmente e estava radiante de tão feliz. Durou até a sexta-feira seguinte. Depois dessa, passei uma semana me prometendo que enough was enough. Durou até o sábado seguinte (passado). Hoje, menos ingênua, e com menos fé em mim mesma, só quero muito que nunca mais nada parecido aconteça. Mas, merda, dados os convites e planos, talvez só dure até amanhã.

No meio dessa balbúrdia e dessa mentirada e da confusão que está a minha cabeça, além de tudo, tem algumas ‘interações’ IMPOSSÍVEIS nessa jogada e que me perturbam mais do que as que acontecem, exatamente por serem impossíveis. E nessas não posso mesmo tocar, porque machucariam os envolvidos de um jeito que eu não tenho nem como conceber. Não vão acontecer, nem que eu me suma da vida de todo mundo, mas não vão. Canalhice tem limite e é bem esse. Mesmo assim, estar pensando nisso me faz sentir tão, mas tão mal... Tão, mas tão má.

Não sei mais se sou boa ou má ou louca. Não sei se o que define isso é o que penso, o que faço ou como faço. E na lógica do ‘como faço’, que é a definição que tenho usado pra me sentir menos pior, não sei mais se me escondo para poupar os outros ou para me livrar a cara. Neste exato momento, to mais pra segunda opção, embora a primeira seja imediatamente contemplada, o que deixa a coisa menos feia.

De qualquer forma, a merda geral e a certeza definitiva são a mesma e uma só: o que eu estou sentindo é amor, sim. E, dentro das minhas muitas limitações, meu objetivo é fazer com que essa pessoa ria mais do que chore e confie mais do que tema. Nem que pra isso eu tenha que mentir, pelo menos por hora.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Expectativa

Peço desculpas, again. Faz um tempo que eu não posto nada. Não posso dizer que foi por falta de tempo, porque tempo foi o que não faltou nos últimos dias. Não que eu tenha aproveitado produtivamente, mas existiu tempo livre.
Começo posts e apago, desisto, volto uns dias depois e faço de novo... Nem sei se esse de agora vai ao ar, mas me obrigo a tentar, pela minha própria sanidade mental.



Acho que o tema do momento é expectativa. Na vida, profissionalmente, afetivamente, financeiramente...

Essa semana fui surpreendida em vários aspectos, em relação ao que eu mesma esperava (nem digo plenamente 'esperava', porque eu não tinha nada o que esperar de fato, mas mais no sentido de como a gente acha que as coisas vão correr, de planejamento de reação à ação mesmo) e (acho) em relação ao que eu achava que os outros esperassem de mim. E fiquei me perguntando o quão saudável é ou não achar que a gente sabe onde está pisando.

O grande problema de esperar (expectativicamente), pra mim, parece ser que eu finalmente entendi que ninguém tem como prever a resposta (reação) do mundo sobre nossos atos. E o problema reside justamente em pensar que o que a gente faz volta. E que a gente controla o mundo à nossa volta a partir disso, ou seja, se você for dedicada e esperta e comedida e querida e insistente e paciente o suficiente, que as coisas acontecem de acordo.

Mentira.

Essas últimas semanas me mostraram que tem coisas que acontecem sem o menor porquê. E que tem outras que, por mais que a gente bote toda a energia do mundo, simplesmente não vão rolar, simplesmente porque o mundo é uma merda e deu.

Acho que a sacada das últimas semanas foi me dar conta de que tenho que aprender a lidar com a agonia de não saber o que vai acontecer nunca. Simplesmente porque qualquer planejamento é uma mentira, conceitualmente. Achar que sabemos ou controlamos algo é uma ilusão, e saber que não se deve esperar nada e tentar apenas lidar minimanente com o que se tem, quando se tem, é muito menos frustrante, por mais frustrante que o vácuo possa ser.

Devo a mim mesma entender e aplicar à minha realidade que nada é certo, nada é para sempre, nada é tão sólido que não possa um dia se decompor nem nada é tão disforme que não possa se compor se as circunstâncias forem favoráeis.

Enfim, vamos assim mesmo, lidando com o que acontece de fato, ou pelo menos tentando. Não tenho saco pra reler mais ada, era isso.

Acho que tenho que interagir mais com o presente, e só. Sem passado, sem futuro. Agora, com o que tem. E era isso. Ta faltando ritalina nesse meu corpinho.

sábado, 16 de outubro de 2010

Pocket Caravan

http://www.pocketcaravan.co.uk/index.html

Descobri através de um amigo de um amigo. Nem gosto dele (do amigo do amigo), mas o som é simplesmente fantástico.

sábado, 2 de outubro de 2010

Criação (literária)

Me obrigo a começar pedindo desculpas pelo tamanho, mas tive uma conversa perturbadora esses dias.

Falei com um cara que me disse que não escrevia em primeira pessoa nunca. Algo a ver com a identificação do leitor, com não puxar a narrativa muito pra si, deixar espaço para o ‘espelho’ que o nosso possível leitor pudesse fazer do texto, considerando que ele não poderia encarar o texto (narrativo, nesse caso) como uma experiência ‘com dono’, com um dono conhecido. Escrever na terceira pessoa, nesse sentido, segundo o gênio literário com o qual eu interagia, seria meio como se a história fosse de uma terceira pessoa (dã!), com a qual o leitor em tese poderia se identificar sem medo de julgar mal, já que não se trata do ‘eu’ de quem ele sabe que o texto veio, e sim de um ‘ele’ que esse autor descreve, e que, aí sim, pode ser lido/julgado de uma perspectiva mais segura.

Me ocorre agora que a função do narrador onisciente talvez fosse mais relevante nesse aspecto do que a pessoa do discurso. Queria ter pensado nisso no momento dessa conversa genial, para poder interagir com mais firulas acadêmicas e com menos da minha própria opinião.

Em vez disso, me contentei em comentar que, no que toca à ficção, sempre escrevi TUDO em primeira pessoa, porque: 1. não quero descrever terceiros, nem me dar ao trabalho de falar de mim na terceira pessoa só pra parecer que não sou eu; 2. não me parece que usar primeira pessoa seja determinante no entendimento da personagem pelo leitor, considerando que o leitor sabe que aquilo é ficção; e 3. não me importo com a experiência do leitor (até sim, mas não antes da minha).

Morreu o assunto. My bad, da próxima vez fico quieta, se isso te faz mais feliz. Não que eu fale muito, porque não falo mesmo. Acabo ficando quieta justamente por situações como essa, em que eu entendo a posição do outro e o outro se ofende quando meu entender não é sinônimo de concordar. E, convenhamos, quando se discute literatura isso acontece, tipo, O TEMPO TODO, COM QUALQUER PESSOA. Daí eu não discuto literatura, porque, né, muita mão convencer as pessoas de que eu não acho que estou mais certa que elas (embora ache, mas, gente, isso não deveria importar tanto pra vocês – eu sei que vocês acham que estão mais certos que eu e isso não me incomoda). Se a galera entendesse que discutir literatura nada mais é do que um exercício de exposição monologógica alternada, eu falaria mais.

Em todo caso, depois disso comecei a pensar em escrever ficção. Confesso que já tentei no passado e me dei mal. Assim, não que o enredo em si fosse ruim, até acho que não era, mas minha estética sempre foi pobre. Não sabia (não sei, na verdade) não ser chavônica e brega (já ouvi jornalística, em tom de desdém, e sei que a criatura tinha razão; o que é foda se eu confessar que até então eu tinha curtido o texto jornalístico em questão). Aqui tanto faz, laboratório é pra essas coisas, mas a raiva que me dá ver a galera escrevendo bonita e engraçadamente sem esforço aparente é quase feia, e isso me fez desistir da ficção.

Até agora, I mean, hoje penso em escrever algo. Tenho lido mais e pensado mais sobre criação, e discutido ferramentas e processos com uma frequência que tem me atordoado. Mas também, se a criatura parasse um pouco com a esbórnia talvez sobrasse algum neurônio que pudesse ser aproveitado em um produtivo tête-à-tête com meu querido amigo Word. Discutir criação literária em mesa de bar, ou, pior, durante um almoço ressaquento, acompanhada da pessoa semiletrada com a qual você acaba de ter um one night stand – e a cuja capacidade intelectual você acaba por dirigir tanta credibilidade quanto ao desempenho em outras áreas, o que de forma alguma contaria pontos para essa pessoa, especificamente ­­– é tão empolgante quanto contraproducente. Empolgante porque, enfim, parou-se para pensar em algo interessante, no meio do monte de bosta que a gente fala nessas situações e que não te acrescenta em nada. Broxante, em parte, especialmente a situação do almoço ressaquento, porque essa criatura que curte funk, biologia, teologia e autoajuda, escreve ficção e POESIA (!) e bloga sobre o time do seu coração se dar ao trabalho de pensar sua própria criação literária (não vou nem entrar na qualidade da criação literária, porque, né...) e você, tão esperta e crítica e intelectualmente elevada que é, nunca ter se dado ao trabalho disso antes é tipo, ‘sou uma bosta de pessoa mesmo, até isso aí pensa no assunto e eu nem...’.

Aaaanyway, a questão, no fim das contas, é a minha frustração comigo mesma em relação ao fato de não estar nada, nada, nada, mas nada produtiva mesmo nos últimos tempos. Não li o que eu queria, acabei não fazendo NADA dos trabalhos de faculdade que tinha me prometido fazer essa semana, só bebi e puteei (não ia conjugar isso com ‘i’ nem fudendo), e nem aqui postei mais nada novo (o último post era um texto mais velho; pronto, falei).

Daí, no momento em que eu deveria estar me encaminhando para fazer outra coisa prosaica da vida, tipo ir na casa de alguém (com quem eu marquei um compromisso COM HORÁRIO, óbvio, já que eu faço essas coisas o tempo todo, como se não me conhecesse), ainda por cima no exato dia em que deixei de fazer uma coisa elevadamente importante pra mim em troca de prazeres terrenos (pelo menos hoje valeu mais a pena do que todas as outras vezes que fiz dessas nesta semana), decido *plim!* escrever. Beleza, ainda não cheguei no ‘nívo’ da ficção, mas o fato é que estou sentada escrevendo quando tem 400 milhões de outras coisas que eu queria estar fazendo neste momento (incluídos os prazeres elevados e os terrenos, os compromissos com pessoas amadas que eu nunca cumpro direito e as coisas que eu devo a mim mesma).

A parte boa é que, querendo ou não, por mais frustrante que seja esse redemoinho, me sinto produzindo, porque, pelo menos, parei pra pensar. Como se pensar fosse uma atividade. Como se apenas pensar no ato de criar algo já valesse como se eu tivesse, de fato, criado algo. Idiota, não? Sim, mas me faz bem, era isso.*

Agradeço o espaço. ^^

* E é bem mais saudável do que a última semana, física, intelectual e psicologicamente. Se me der na telha escrevo mais sobre essa inusitada semana em outro momento, mas né, daí ia virar mulherzice, e estou me policiando pra não fazer mais isso com esse pequeno blog sem identidade.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Catarse

Nunca me achei uma pessoa violenta. Pouco bati em gente na vida, foi sempre mútuo e quase sempre levava a pior, por não usar toda a minha força, não querer machucar, de fato. Mas tem coisas que mudam as pessoas, não sei se isso é bom ou não, mas tendo a pensar que mudança é movimento, então tá valendo.

Se eu cheguei em casa às três da tarde, deve ter acontecido passando pouco das duas. O dia era daqueles em que tu acorda bem sem motivo aparente, fim de inverno no paralelo 30°, quente no sol, vento geladinho. Desses dias em que não se sabe se o torpor é só do melhor sexo inconclusivo da vida na noite anterior, da quantidade de entorpecentes que ainda circula no sangue, se é o sol quente, se é o vento frio, se é a sensação de, mesmo com tudo isso, cumprir as obrigações prosaicas como se fizessem sentido. Fato é, o dia estava fluindo leve e feliz, tanto que fica ridículo (d)escrever.

O livro aberto no meu colo, no ônibus, chamava a atenção. Sempre gostei disso, e sempre gostei de deixar o livro aberto enquanto olhava pra fora, pra depois voltar a ler, sabendo que a pessoa sentada do meu lado, se fosse como eu, estaria curiosa. Fiz isso com Marx, com Cervantes, com Kafka, com Galeano, com Harry Potter e mais uma galera. E agora, com a Denser.

A Denser que, no entanto, me fez, genuinamente, olhar pra fora pra pensar. Pensar em se e como a identificação com aquela mulher tão poderosa e tão insegura se manifestava em mim, sobre como lidar com a castração de ter pensado a vida inteira que não se podia confiar nas coisas que crescem em torno do pau e me ver errada, em ver a Denser errada. Pensar com otimismo que a minha experiência talvez fosse melhor que a dela, e que talvez por isso eu não fosse escrever bem nunca, mas who cares?, to pegando, e to pegando bem, e ninguém tem nada com isso. E me sentindo bonita, limpa e inteligente sem ser louca, os espanhóis que me desculpem, ou pelo menos achando que me curei da loucura de ser bonita, limpa e inteligente e jurar que ninguém percebe.

O conto narrava, entre outras coisas mais profundas, com o perdão do trocadilho, a visão feminina de um doloroso e excitante episódio de sodomia. Eu curtia o fato de que quem sentasse ali ia me achar uma pervertida. Talvez eu seja, mas acho que, justamente por não ser, passar essa imagem me parece divertido, engraçado mesmo.

O cara que sentou do meu lado era perfeito: moleton superbranco lavado pela mãe, marca hip hop, não me pergunte qual, mochila grande vazia, fone de ouvido estourando, gelzinho no cabelo (aquele topetinho cretino espetado pra cima) e uns óculos de surfista, pequenos demais pra cara cheia de espinhas. Ri comigo quando ele sentou, e continuei divagando. O livro aberto no colo, puro exibicionismo. Sim, como se eu soubesse o que é exibicionismo. Como se me ocorresse a profundidade e, nesse caso, o tamanho e a dureza a que o exibicionismo pode chegar, com o perdão de mais um trocadilho. E eu lá, me achando foda pra caralho, brincalhona e inocente na minha feliz viagem de autoconhecimento e autopromoção. Eis que, volto pro livro. E vejo, sem mais, ou melhor, sem menos, a cabeça rosa, latejante e melequenta do pau duro desse filha da puta quase encostando em mim, escondido do resto do ônibus pela mochila gigante.

Não soube reagir, mesmo. Fingi que não vi, enquanto tentava pensar. O terceiro pau em menos de um mês, quem diria! Pra quem dizia que era lésbica, até que o número fica impressionante, when you put it this way. Que put it o quê? Shove it up your own ass, viado de merda, cabaço do inferno, vai comer uma ovelha! pensei. Finalmente, olhei direto pra ele com nojo, disse alto, ô, meu?, e fui pro banco de trás, em silêncio mortal. Ele nem sentou de novo, desceu do ônibus no meio do nada da Bento sem olhar pra trás. Espero muito que com vergonha, mas duvido.

Não consegui mais ler. Não sabia se a culpa não era do livro, e não ia me arriscar. Mesmo que não fosse, hipótese na qual acredito, pra ler já não teria mais cabeça. Só conseguia pensar que tinha acabado de perder a melhor chance da minha vida de humilhar um homem que de fato merecia. Me odiei por não pensar rápido o suficiente. Pra não pensar na minha própria falta de presença de espírito, dividi com o cara (sim, sentei do lado de outro desses, a idiota) do meu lado o que tinha acontecido. Pedindo desculpas por invadir o silencio alheio, falei de uma vez só que o filha da puta tinha tirado o pau pra fora. Assim mesmo. Ele não disse nada. Pensei, beleza, eu também não saberia o que dizer. Antes tivesse ficado quieto. Depois de um tempo, me olhou com cara de espanto/pena/entendo-a-do-cara-tu-é-gostosa-mesmo (nessa hora eu queria capar os dois, com alicate de unha), e disse: “Tem sempre um babaca”. Exato. Ou dois, dependendo do ônibus.

Passei o resto do caminho olhando pro chão, querendo muito, mas muito mesmo, ser a mulher mais horrorosa e nojenta do planeta, pra ninguém mais me olhar, nunca. Desci do ônibus, acendi um cigarro, talvez o melhor da minha vida, e caminhei o mais devagar que conseguia rumo a ração de cachorro e casa.

Sentia a fúria emanando de mim, num crescendo vertiginoso. Sentia o olhar vago, os lábios inchados, as mãos suadas, tudo em mim pronto pra moer a cara de alguém, homem, ele, qualquer um. Por que não enfiei o cotovelo na traquéia dele? A posição era ideal, quando levantei. Por que não fingi que batia uma pro cara e não entortei ele, pra nunca mais ter como nem mijar pra frente? Isso sim ia ser arte. Caminhando até casa, sentia que as cantadas cresciam proporcionais à raiva. Sentia que, quanto mais eu odiasse todos, sem exceção, mais eles me olhavam, mais me queriam. Foi a maior concentração de gracinhas que já recebi na vida, me senti a mulher mais foda do mundo, e a mais podre. Mais orgulho da minha força, do que eu era capaz de fazer com eles, e mais nojo de mim eu sentia, a cada olhada, a cada palavra, a cada ô-lá-em-casa. Na casa da tua vó comendo bolinho, fracassado de merda.

O que finalmente freou minhas punções (Freud estava certo, o recalque é, sim, a raiz da civilidade) foi o vento gelado do fim do inverno no paralelo 30°. Terceiro cigarro em 5 quadras, já na de casa, me peguei pensando que não, há exceções. Há homens bons, corretos, respeitosos, que acabam não permitindo que se odeie o gênero em si simplesmente pela injustiça da generalização. Embora a maioria desses (e dos outros, enfim) possa não te comer bem, há inclusive os que sim, com todo o resto de brinde. Comecei a pensar em como era bom saber que, o fim das contas, existia/existe a possibilidade de um desses da minúscula leva dos que valem a pena se interessar por mim, e que isso, no primeiro momento, é bom, e daí? Me peguei pensando na alegria que é o fato de que despertarei isso nos homens pelo menos pelos próximos 15 anos, se eu me ajudar, claro, e isso me fez bem. Me fez desejar que acontecesse de novo, um dia na vida.

Seria catártico. Por um momento, ter a personificação do lado imbecil de todos os homens bons que um dia fizeram algo imbecil e mereceram apanhar, morrer lentamente e com muita dor, e que se salvaram porque alguma mulher se deu conta de que eles não eram isso. Ter a personificação legítima da coisa que cresce ao redor do pau, à qual se aplica toda e qualquer generalização negativa, todo e qualquer clichê, um homem no universo que se pudesse odiar plenamente. E soube, com tudo de mim, que se esse baldinho de moléculas de instinto detestáveis chegasse perto de mim de novo, ia à forra. Arrebentava de porrada, com gosto e maquinaria pesada. Mostrava quem é que manda nessa merda. E, por toda e qualquer mulher que já foi invadida por um pau, fisicamente ou não, e pela Denser e o tipo de cara que faz com que mulheres foda se sintam lixo, matava rindo, devagar, sem culpa.

sábado, 25 de setembro de 2010

Guitar God

Tipo, insano.

http://www.youtube.com/watch?v=c_VclJmZ1HY&p=91155AF2D27421D4&playnext=1&index=1

Queria ser capaz de discorrer, mas não me sinto apta. Só achei que o cara se puxa muito na coisa exploratória de tirar uma música inesperada.

Enfim, vale explorar os relacionados também.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Marido rico

Não tava na pilha de escrever mais mulhezices, mas ri copiosamente com essa. Mais ainda porque conheço uma ou duas mocinhas que, se tivessem a cara de pau, mandariam esse tipo de coisa... Não sei se é real ou não, mas posto o e-mail tal e qual recebido por uma grande amiga (que também não curte mulherzices exacerbadas).

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MARIDO MUITO RICO
Dizem que saiu no Financial Times

Uma moça escreveu um email para o jornal pedindo dicas sobre "como arrumar um marido rico".
Contudo, mais inacreditável que o "pedido" da moça, foi a disposição de um rapaz que, muito inspirado, respondeu à mensagem, de forma muito bem fundamentada.


E-mail da moça:

Sou uma garota linda (maravilhosamente linda) de 25 anos. Sou bem articulada e tenho classe. Estou querendo me casar com alguém que ganhe no mínimo meio milhão de dólares por ano. Tem algum homem que ganhe 500 mil ou mais nesse jornal, ou alguma mulher casada com alguém que ganhe isso e que possa me dar algumas dicas?
Já namorei homens que ganham por volta de 200 a 250 mil, mas não consigo passar disso. E 250 mil por ano não vão me fazer morar em Central Park West.
Conheço uma mulher (da minha aula de ioga) que casou com um banqueiro e vive em Tribeca! E ela não é tão bonita quanto eu, nem é inteligente.
Então, o que ela fez que eu não fiz? Qual a estratégia correta? Como chego ao nível dela? (Raphaella S.) 

Resposta do editor do jornal:

Li sua consulta com grande interesse, pensei cuidadosamente no seu caso e fiz uma análise da situação.
Primeiramente, eu ganho mais de 500 mil por ano. Portanto, não estou tomando seu tempo à toa...
Isto posto, considero os fatos da seguinte forma: Visto da perspectiva de um homem como eu (que tenho os requisitos que você procura), o que você oferece é simplesmente um péssimo negócio.
Eis o porquê: Deixando as firulas de lado, o que você sugere é uma negociação simples, proposta clara, sem entrelinhas: Você entra com sua beleza física e eu entro com o dinheiro.
Mas tem um problema:
Com toda certeza, com o tempo, a sua beleza vai diminuir e um dia acabar, ao contrário do meu dinheiro, que, com o tempo, continuará aumentando.
Assim, em termos econômicos, você é um ativo sofrendo depreciação e eu sou um ativo rendendo dividendos. E você não somente sofre depreciação, mas sofre uma depreciação progressiva, ou seja, que sempre aumenta.
Explicando, você tem 25 anos hoje e deve continuar linda pelos próximos 5 ou 10 anos, mas sempre um pouco menos a cada ano. E, no futuro, quando você se comparar com uma foto de hoje, verá que virou um caco.
Isto é, hoje você está em 'alta', na época ideal de ser vendida, mas não de ser comprada.
Usando o linguajar da Wall Street, quem a tiver hoje deve mantê-la como 'trading position', e não como 'buy and hold', que é para o que você se oferece.
Portanto, ainda em termos comerciais, casar (que é um 'buy and hold') com você não é um bom negócio a médio/longo prazo. Mas alugá-la, sim. Assim, um negócio a se cogitar é namorar.
Cogitar. Mas, já cogitando, e para certificar-me o quão 'articulada, com classe e maravilhosamente linda' seja você, eu, na condição de provável futuro locatário dessa 'máquina', quero tão somente o que é de praxe: fazer um 'test drive' antes de fechar o negócio. Podemos marcar? (Philip Stephens, associate editor of the Financial Times)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Existencialismo romântico (boring!)

Beleza, vou postar esse lixo. Mas que fique claro, isso não é uma porra dum blog sentimental. Só acordei assim hoje. Hoje ainda melhoro, eu acho. No máximo amanhã (como se tivesse um monte de gente pra dar satisfação! risos).

(...)

Gostaria de saber o que acontece comigo. Quando menos espero, uma pessoa vem e me tira do chão, sem piedade. Sem meias palavras, sem firulas, sem jogos, sempre mais intenso do que eu consigo administrar.

Sempre juras de amor na primeira semana, sempre um encanto profundo, sempre pessoas geniais e admiráveis... E quando me apaixono, é mutuo. Sempre.

A dúvida é: sempre faço a pessoa pela qual me apaixono apaixonar-se de volta, ou (mais provável) só me apaixono por quem já gosta de mim?

Shame on me, in that case.

Covarde.

But why does it feel so real, every single fucking time? Eu não tenho memória mesmo, só pode.

Peixinho dourado feelings.

(…)

Tem coisas difíceis de assimilar nessa vida. Uma delas é o fato de que você vale sozinho. Continuo achando que preciso de pessoas. Que preciso de ajuda pra tomar decisões. Que preciso de aprovação pra toda e qualquer coisa que eu faça. Continuo perdendo tempo, continuo esperando que alguém melhor que eu me diga o que fazer...

Mania de camaleão podre, de mergulhar nas pessoas, de me afundar, simbioticamente, só porque eu acho que a minha vida não é um fim em si. O pior é que na hora nem acho, na hora só faz sentido entrar no outro, porque o outro é sempre TÃO fantástico, e eu sou TÃO ignorante, inepta, imbecil...

Não sei o que fazer sozinha. Não sei por onde começar. Não quero não ter um ponto de referência. Não quero decidir. Não quero e pronto. E aí? Faz-se o que com o que se sente? Sei que devia querer, mas é mais forte do que eu. Que medo de estar confundindo as coisas...

Pode até ser que eu só me apaixone por todas essas características da minha personalidade. E pode também ser que isso torne o que eu sinto menos válido, menos verdadeiro, menos nobre, seja lá o que essas coisas signifiquem. Mas, de fato, sinto. E sinto muito. E sinto saudades de quem eu era quando a referência era mais firme (por mais estúpida que a referência firme fosse). E sinto prazer em ser eu mesma quando a referência se afirma novamente, em outro corpo. E sou eu mesma mesmo, neste corpo aqui?

Quem sou eu? Eu sou o que eu gosto? Eu sou o que eu quero? Eu sou o que eu faço? Eu sou o que eu quiser ser (risos)? Eu sou as pessoas que me amam? Se sim, quem me ama? E por quê?

Sou boa? Sou atenciosa? Sou bonita? Sou inteligente?

Não, não, não e não. Não como o mundo esperaria. Não como eu acho que devia ser. Não como acho que conseguiria ser, se não fosse tão má, desatenta, feia e burra. Se prestasse mais atenção, seria perfeita. Sei que sim.
Mas e aí? Seria feliz? Custo a acreditar que algum dia seria, não conseguiria me dedicar o suficiente.

(...)

Pilha bipolar, por sinal.

Amanhã acordo bem, isso é o pior. Toda essa angústia de merda tem prazo, conheço ela direitinho e sei que tenho que esperar que vá embora por conta própria.

Amanhã, sexta-feira, tomo um trago e me sinto fantástica, segura, autossuficiente de novo. Até o sábado de manhã.

Saco.

Beleza

Hm, meio cedo pra esse tópico, até porque não pensei o suficiente nele ainda...
Em todo caso, veio e preciso externar, nem que eu apague depois e reescreva (o que seria uma tremenda deslealdade, não o farei).

Enquanto buscava alguma foto minimamente interessante para o perfil do blog (por enquanto ficou esta, deixo no post, porque, me conhecendo, mudará in no time; mas vale pelo contexto, e porque achei legal pra caralho), por começar a explorar outros e ver fotos das pessoas, me ocorreu que, via de regra, mulheres têm que ser bonitas. E ponto.


Não digo como quem concorda. Verdade seja dita, não concordo. Queria muito que a contribuição da biologia não influenciasse no juizo das pessoas umas sobre as outras. Mesmo porque, a biologia absolutamente NADA tem a ver com se alguem é decente, pensante, interessante ou displicente, embora a galera (me incluo nessa) esqueça disso.

Também não estou aqui para fazer uma defesa das feias. Acho, sim, e daí sim é biológico, e questão de sobrevivência na selva, que toda garota deve se ajudar, porque é como se consegue o espaço de fato. Sim, é primitivo. Mas, sim, é o que é. Se a biologia não ajuda, que ajude a moda, a diversão que é se embonecar, escolher cores diferentes de esmalte, cortar o cabelo...

Já tive muita crise com beleza. Não por ser feia, antes o contrário (melhor parte é poder dizer e NINGUÉM torrar com um "que mina que se acha"), eu não queria que me achassem bonita. Mania feminista da mãe, eu acho, que incutiu desde a tenra idade nesta moça que nada pode ser menos nobre que ser só linda.

E, de novo, não é que eu ache que deve-se ser só linda, não acho. Mas são exatamente esses extremos que enlouquecem todas as mulheres que eu conheço. Não se pode ser feia, simplesmente porque é contraproducente, ninguém te dá bola. Não se pode ser bonita, não se é levada a sério...
Vai achar meio termo! Daí a feia que se arruma tá se achando, e a bonita esculachada não se ajuda... Ô, saco!

É complicado falar disso, porque pra mim nunca foi um fator determinante. Meus romances SEMPRE foram pessoas feias, com raras exceções, e eu fui me dar conta disso há muito pouco tempo. Mas essas pessoas sempre tinham um histórico muito "bonito". Me pergunto: sou mais uma no pacote? Se eu fosse feia, quem teria me olhado? Me olharam por que mesmo? Que graça eu tenho, hein?

Pensar isso tudo me faz adorar, de fato, a caveirinha. Essencia de todas nós, onde somos iguais, e onde importa o que tem dentro. Talvez ela dure mais aqui do que eu previ inicialmente. :)

Enfim, pequenas crises do madrugadão. Tenho uma hora para levantar.
Há. Sinto muito, youtube nela.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

E trabalho, que é bom...

Pois é, comecei bem...

A intenção da coisa toda era ser uma ferramenta de autoconhecimento, que me ajudasse (daí ritalina) a me conhecer melhor, a me focar nas coisas, a relaxar na vida. pff

Peço novamente desculpas. Pelo quê? Por estar pedindo desculpas pra mim mesma, acho.

Cá estou, postando que nem uma doida, procurando coisas pra postar e achando divertidíssimo ver a nuvem de marcações mudar vagarosamente de formato (e, claro, como psicopata que se prese, marcando cada post com, no mínimo, três categorias).

Enfim.
Tinha um trabalho pra fazer hoje. Não de aula, de dinheiro mesmo.
Não é o fim do mundo, afinal é pequeno e meu prazo é sexta. No entanto, tenho 476.892.668.391 coisas para fazer até o fim do prazo, e hoje seria o dia perfeito para terminar isso de uma vez, assim podia me dedicar às coisas menos urgentes e mais prazerosas no resto da semana. Não que não fosse importante o resto do que eu tinha/tenho para fazer, era só o que eu queria/quero fazer, tinha/tenho que fazer, porque por querer eu acabei MARCANDO com as pessoas (bem de idiota! não me conheço, mesmo?).

Mas é sempre assim comigo, insanamente fácil se perder aqui dentro. Tenho medo de não voltar, numa dessas. O blog acaba sendo a maneira menos viciante de se distrair aqui...

Amanhã é outro dia. Dos lotados. Dormir é a opção mais sábia.

Não sem um cigarro antes, que também não queremos ser freiras, não é?

Island blues

Já que estou nessa de música, mais uma lindeza apresentada recentemente.

Sei lá se é a gaitinha, mas juro que penso França, e a simpatia que tenho por esse cantinho sujinho da Europa é algo imenso.

http://www.youtube.com/watch?v=2_AOoi7Gx-o&feature=fvst

15 feet of pure white snow

Eu podia ser menos explícita no título, mas não vejo porque. Again, lê quem quiser mesmo...

Fui apresentada a ele, sem vídeo, há umas duas semanas. Achei o vídeo sozinha hoje, e estou orgulhosa disso.

Saca o pianinho :)
http://www.youtube.com/watch?v=4sfhvxTZ0wo

Sobre o nome

What's in a name?


(Segundo post e já tem epígrafe. Eu disse que ia ser maçante, não disse?)


Ok, ao que interessa.


Partiremos do seguinte pressuposto: meu nome é Rita. Ou ritta. Meio caminho andado.


Linna, bom, soa bem com Rita. E a palavrinha que daí vem diz algo sobre moi, se é que posso dizer que sei se e o que alguma coisa diz sobre moi, quand je ne sais pas comme je suis. Enfin...


Ritalina é o nome comercial do Metilfenidato. Medicamento esse utiizado no tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). É um potente inibidor da recaptação da dopamina e da noradrenalina. Bloqueia a captura das catecolaminas pelas terminações das células nervosas pré-ganglionares; impede que sejam removidas do espaço sináptico. Deste modo a dopa e a nora extracelulares permanecem ativas por mais tempo, aumentando significamente a densidade destes transmissores nas sinapses. O metilfenidato possui potentes efeitos agonistas sobre os receptores alfa e beta adrenérgico. Eleva o nível de alerta do sistema nervoso central. Incrementa os mecanismos excitatórios do cérebro. Resulta numa melhor concentração, coordenação motora e controle dos impulsos.


Não que eu saiba por experiência (óbvio).
Na verdade, né, http://pt.wikipedia.org/wiki/Metilfenidato.


Enfim, é uma baletinha que ajuda a criatura a ter foco (algo difícil para a moça que vos escreve), a manter a atenção, o estado de alerta e o bom humor e ainda te deixa com uma sensação de esperteza linda, linda. Não quero soar drogada, isso não é pra ser o blog de uma viciada em crise (embora prevejo que possa parecer, em alguns momentos), mas convenhamos, pode ser bastante útil.
At the same time, quando mal utilizada... Prefiro não me delongar aqui, muito embora curta mal utilizá-la. Às vezes a gente precisa ser ligada na tomada.


De uma maneira ou de outra, o nome aqui expressa a necessidade química de ajuda para tarefas que outras pessoas acham simples, como frequentar aulas, trabalhar, limpar a própria casa e coisas do gênero; e expressa a potencialidade autodestrutiva da moça, quando mal utilizada (a potencialidade, não a moça).


Autoanálise à parte, no fim das contas só achei divertido.

Olá.

Primeiramente, agradeço ao Google a oportunidade de estar aqui hoje. Peço desculpas aos que por aqui passarem se em algum momento a que vos fala for maçante. É que, sabe como é, tanta autoexposição dá vontade de escrever sem que ninguém encha o saco. Portanto, cá estou eu, a isso vim. Falarei de mim. Ocasionalmente, de assuntos gerais que reflitam o que eu penso. Menos ocasionalmente, o que eu sinto e deu. Quem quiser leia. Quem não quiser, não. No feelings attached.


Mais coisas em breve, por enquanto estou aprendendo a escrever.