terça-feira, 30 de dezembro de 2014

blip blip blip

Não consigo nem contar essa história. Tentei descrever pra ver se meu coração parava de doer e não consigo explicar como tudo chegou a esse ponto. Eu gostei de ti, e tu de mim, quando nos vimos rápido na festa de fim de ano. Começamos a conversar como velhos amigos logo no primeiro dia, duas segundas atrás. Eu senti de cara um pouco de medo pelos meus votos de não-namoro, porque tu era legal e bonito demais e era meu colega, parecia tudo fadado ao sucesso. Daí, na noite que a gente saiu, eu fiquei com outro cara, por inércia, por medo, por álcool. Tu não conseguiu fingir e não falar sobre, mas também não me culpou abertamente. Só repetia que estava triste, e a conversa ficou explícita, muitos gosto-de-tis dos dois lados. Eu tentei em vão te chamar pra sair de novo, não conseguia mais ser eu mesma pela internet, precisava usar meu corpo pra conversar depois de tudo tão dito. Tu se negou por dias. Teve a segunda do livro, que me encheu de esperanças, mas tu reclamou que eu estava nervosa demais e que achava que era melhor nem fazer nada. Quando eu disse que não precisávamos nos ver e que eu entendia que não devia ter pressa, tu começou a falar de sexo. Não sei se tu tinha real noção do que isso faz comigo, mas fiquei precisando mais ainda te ver e te encostar. Depois de ter me feito gozar descrevendo gostos e preferências muito compatíveis, tu continuou dizendo que não sabia se queria algo comigo, já não era mais nem se a gente ia se ver ou não. Desde então eu não consegui mais conversar amenidades e não perdi uma oportunidade de tirar com a tua cara, até o ponto de tu não gostar mais de mim. Isso começou há duas segundas. Eu me odeio por ter ficado assim desde o início, sem motivo racional além daquelas conversas empolgantes e do teu tamanho de urso e teus olhos verdes e sorriso de criança, e me odeio por ter ficado com o outro cara porque isso foi idiota e insensível. E te odeio por não querer me ver mesmo sendo visível que às vezes tu quer. Um abraço decente, com tempo, que não durasse só o trajeto do elevador, resolveria tudo, mesmo que fosse pra sermos bons amigos. Eu sei no meu coração que sim. Precisava dar um jeito de te convencer. Eu vou infartar a qualquer momento se continuar desse jeito, e acho que morro de dor se terminar assim.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

here we go again. apertem os cintos que o coração está a bordo de novo.

as pessoas dizem que botar sal na comida duas vezes é sinal de amor. uma alusão a como a gente fica meio bocó quando aparece alguém que parece com tudo o que a gente nem sabia que queria. a gente fica lembrando rosto, textura, cheiro, palavras, sorrisos. e fica tentando descobrir o problema da pessoa, porque como assim alguém desse nível está dando sopa por aí? adeus rango, desculpa.

a gente tem o costume de riscar coisas com o tempo. nunca mais namoro alguém que [insira hábito irritante]; qualquer coisa menos [insira profissão/estilo de vida]; não sei como eu aguentei tanto tempo alguém que gosta de [insira estilo musical/literário/cinematográfico]. às vezes essa lista vai ficando tão grande que vai dando preguiça mesmo de procurar, e a preguiça traz consigo uma tristezinha discreta de se achar velha, de não ter fé. a falta de fé me fez apelar para o meio mais pós-moderno de conhecer gente, olááá tinder. decidi que nem ia falar com ninguém, deixar eles virem, ser bem passiva e cumprir meu papel receptivo na sedução sem fins afetivos.

mas mesmo com preguiça, acabei falando com ele por causa da bio. uma boa bio. e aquela gatisse toda, que sorriso. e que desenhos. pensei que mesmo sem uma paixão avassaladora talvez fosse divertido, ele parecia inteligente e meus hormônios precisavam de alguém. outros já tinham convidado, mas por algum motivo ninguém tinha me agradado ainda. nem pra algo isolado. mas ele, a cada troca de mensagens parecia mais parecido comigo, foi dando vontade genuína de ver. 

combinamos pro mesmo dia, parecia que os dois tinham reservado aquela noite sem combinar. acabamos tendo o melhor primeiro encontro da história dos primeiros encontros em toda existência. hamburguer gurmê e 01 cerveja. na cerveja rolou o beijo, que eu queria há horas mas tinha medo de parecer apressada. espontaneidade é tudo, mas um pouquinho de estratégia não faz mal. decidi que ia esperar, se ele não mencionasse passar a noite ia deixar pra próxima, que certamente haveria. a falta de fé me deixou malvada até comigo, que sempre disse o que eu queria. mas ele perguntou, tímido e sorrindo ao mesmo tempo. eu disse que sim. ele gostou dos meus desenhos, dos meus cheiros e das luzinhas.

não sei se são os meus hormônios, ou o fato de que ele é irresistível, intelectual, artística e sexualmente, mas meus silêncios mentais agora são povoados por ele, há três dias. que pele, que olhos, que piadinhas simpáticas. e que mãos. e que boca.

eu queimei a pele pensando nele, o sal demais é o irmão mais velho do protetor de menos. divagando, molhei o corpo todo na água salgada e depois sequei infinitamente ao sol, imaginando que aquele calor vinha do corpo comprido e amarelo-branco dele, jogado descansando sobre o meu, beijando minha nuca e rindo do arrepio que me dá. ele disse que ia junto na próxima e eu fiquei imaginando os cabelos dele voando, a pele salgada, os olhinhos apertados no sol...

exagerei no devaneio e estou torrada.


ainda assim, nem a dor me convence de que não valha a pena. só saber que eu ainda consigo sentir isso é reconfortante. amar e se queimar é tão 15 anos. <3