segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Again and again


Era melhor quando esse tipo de conversa estava radicada em Buenos Aires. Menos de duas horas de distância é difícil.
Era melhor quando eu tinha motivos. Quando não tem é difícil.
Era melhor quando eu achava que a culpa era dele, mesmo que vagamente. Assumir a culpa é difícil.

Eu não consigo chegar ao cerne do quanto isso é horrível. Eu achava que tinha tido sorte de não ter ligado as trompas ainda. Agora quero me jogar da janela e espatifar elas junto com o corpo todo, de puro ódio do mecanismo interno de distração (ia escrever sedução, mas estou começando a achar que o centro da coisa não é esse).
Um amigo querido e ocupado e disciplinado me mandou usar melhor o meu tempo (e basicamente parar de bobagem). Eu realmente devia fazer isso. Há meses. Estou escrevendo e chorando ao mesmo tempo, porque não consigo fazer as coisas que preciso e só quero fazer as coisas que não posso, e pensar em fazer sem fazer é horrível e pensar em sentir é pior, além de ser retardado e contraproducente e eu estou cansada de tudo, inclusive dessa porra de chuva.

Estou cansada de mim. Queria dormir.

Dormir com tudo feito, por mim mesma, e com o homem que eu escolhi, sem mudar de ideia.

E um pônei rosa, claro.

E pra ser completamente sincera, estou cansada até deste blog de merda.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

I miss the game


A notificação vermelhinha foi como outra qualquer, à primeira vista. Um moço, que ela conheceu um dia antes, em umas dessas discussões ideológicas nas quais as pessoas falam muito e ninguém convence ninguém de nada. Tinham concordado, embora não completamente, e ele tinha um aspecto simpático e um ‘quê’ porteño. Claro que na internet a pessoa tem que ser muito chinela pra não parecer interessante, mas ainda assim, pelo menos ele não era muito chinelo.

Maiúsculas, acentos, pontuação no lugar. Até demais... mas ótima velocidade de digitação e excelente compreensão da vadiagem intrínseca ao ser humano. A conversa fluiu bem de mais, até que ela não teve mais como disfarçar que sabia o que estava acontecendo. Elogios geralmente entregam os caras, e esse era particularmente doce.

O problema é que a única alternativa realmente honesta seria não ter aceitado o convite. Até o aceite pode ser considerado o que o querido leitor quiser, e ela sabia que era exatamente isso, justamente porque tinha gostado daquela fotinho cercada de palavras (beleza nunca foi um must – já coolness...). A banda dele era bem mais ou menos, mas quem se importa? Pelo menos com as influências ela não tinha nenhum problema, pelo contrário.

Decidiu pela honestidade relativa e abriu o jogo na deixa seguinte. Disse que a ineficácia do movimento não era por conta dele, mas do namorado. Não tinha certeza se era verdade, mas como o namorado era de verdade as verdades decorrentes disso ficavam confortáveis para ambos.

Pecou no excesso de simpatia, claro, não sabemos se por vaidade ou pena, ou os dois. Independentemente do motivo, continuaram listando preferências e fazendo piadas, até que as indiretas sobre lugares a ir ficaram frequentes de mais.

Pensou no namorado, primeiro a quem queria mesmo ser fiel a vida inteira, e decidiu por uma honestidade pior, pedindo abertamente o fim da conversa e apontando o flerte explicitamente. Como qualquer moço esperto faria, ele aproveitou para insistir, e por pouco não narrou os beijos que lhe daria se pudesse.

Terminaram – ela terminou – a conversa abruptamente. Continuar seria explicitamente errado, depois de tantas intimidades.

Minutos depois ele ainda enviou mais um link, de um conto sensível que ele mesmo escreveu. Ela gostou, mas não quis responder para não alimentar a interação.

Passou o resto do expediente escutando as influências da banda dele e, de vez em quando, relendo trechos da conversa.

No mundo ideal, nunca mais se falaram, e ela viveu feliz para sempre com o namorado ao qual prometeu honestidade, com a consciência suficientemente tranquila.

No mundo real, geral torce pra ela não postar nenhuma dessas músicas.

FIM.

Moral da história: gostar do game é uma merda.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

FALI

dinheiro zero, com reaizinhos de dívida.

diga lá, eu sou retardada e ninguém me diagnosticou ainda?

putaqueopariu.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

refri enquanto metáfora dos prazeres destrutivos

parei de tomar refri. desde ontem. li uma notícia sobre os malefícios, como tantas outras que li antes, e, por um motivo que eu não sei direito definir ainda, fiquei assustada e decidi, pelo menos, evitar.

conversando ontem revivi um episódio de loucura etílica no qual uma das amigas presentes decidiu parar de beber enquanto outras continuamos. foi um dos maiores papelões da minha vida, embora tenha sido muito divertido. mas o que me surpreendeu foi descobrir que a amiga que parou de beber realmente se divertiu tanto quanto eu ou mais, e sem fazer nada de que se arrependeu depois (não fiz nada grave nesse dia, mas paguei uns bons miquinhos).

falamos sobre uma possibilidade de diversão que se baseia unicamente na qualidade da interação consigo mesmo e com os outros, ou seja, em relaxar e curtir sem a ajuda de entorpecentes. e em como saber que isso é possível te dá até a possibilidade de escolher usá-los. tudo acaba se tornando uma grande relativização do bem estar, e a principal medida para mantê-lo, com entorpecentes ou não, é respirar fundo e sentir o clima.

cada vez que eu penso na coca-cola, respiro fundo. enquanto respiro, penso na quantidade de coisas horríveis que estou deixando de ingerir, e isso me ajuda.

o próximo passo é aplicar isso a outras 'coisas' incomodativas que eu insisto em manter por perto de puro vício, mas que não acrescentam, pelo contrário.

companhia, principalmente companhia que te chineleia, entorpece.

e "sweet oblivion" é bom, mas "oblivion", sem adjetivos, é sacanagem com a tua própria inteligência. bora respirar fundo, sentir o clima e insistir nos malefícios do que é ruim.