sábado, 24 de novembro de 2012

Viva a solidão intrínseca da existência


Passei a vida (amorosa) inteira achando que tinha que estar com alguém. Continuo achando, até. Mas recentemente descobri que venho desenvolvendo um senso de valor que passa diretamente pelas coisas que eu faço, ou que eu consigo fazer. Tem a ver com tempo, com capacidade e com disposição. Mas principalmente com disposição, genuína.

Nunca escrevi tanto, e nunca pensei tanto sobre isso. O que é que é aquela coisa que só eu, do meu jeito, conseguiria falar, escrever, musicar ou plasticar sobre de um jeito que acrescentasse de verdade alguma coisa no mundo? O que é o fator de interesse da minha essência artística e, consequentemente, humana? Estranho estar pensando nisso antes de, de fato, botar alguma coisa no mundo de verdade. Mas é, talvez isso seja uma pista...

Agradar o público e o cônjuge requer força, estrutura, tempo. E solidão.

{Não aquela "de verdade", que as pessoas sentem quando estão tristes e não tem pra quem chorar. Essa é triste, doída, e não produz positividade. Aliás, conheço poucas pessoas que já estiveram de fato nessa situação (preguiça ou vergonha de pedir ajuda não é a mesma coisa), e posso dizer que as que eu conheço merecem, e eu não tenho tanta pena assim.}

A solidão aqui quase podia ser chamada de consciência. A consciência de que a gente é composto de coisas que faz, de amigos que tem e de uma séria de fatores que quem decide é a gente mesmo. E sobre os quais a gente tem controle e nos quais ninguém mais manda.

Reclamar da falta de produtividade é tempo gasto sem produzir. Reclamar do namoro pelos aspectos de incompatibilidade é reflexo de estar focando nas coisas erradas, porque a vida tem que funcionar como um todo, e as incompatibilidades filosóficas superficiais com um cônjuge estão aí para serem supridas pela gente mesmo, seja com os amigos, com os livros e músicas e festas e o que quer que seja que cause brilho na existência. Cada coisa da vida é uma coisa, e todas as que eu quiser devem entrar no calendário.

Estou escrevendo aqui com tempo contado, e tem que ser assim se eu não quiser enlouquecer. Aquilo da rotina é cada vez mais doce, me sinto quase burra de não ter notado antes o quão elementar é tudo.

Time's up, bora trabalhar mais um pouco, aproveitando que eu gosto do que eu faço.

:D

P.S.: Fumei normalmente desde o segundo dia da minha resolução. People are flawed, but well-intentioned. Um dia eu chego lá. (destaque para o aperto no peito que dá escrever isso, a culpa ainda vai me dar uma úlcera antes do cigarro)

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