quinta-feira, 12 de abril de 2012

lonely boy

uma nostalgia funda, pesada, quente e contínua. quase confortável. quase.
sentia que tudo o que fazia que não fosse aquilo era cansativo, penoso, um estágio de espera entre esta vez e a próxima.
queria colo, precisava pensar, não conseguia produzir no trabalho nem em casa, era grosso com as pessoas. sabia-se bom e generoso, mas precisava dormir. antes que dormisse direito não conseguiria mais ser bom. talvez se dormisse direito conseguisse se sentir bem de novo, sem precisar recorrer àquilo.
querendo dormir, decidiu fazer alguma das coisas que tinha que fazer. trabalhava e pensava sem parar, mas se distraía a cada minuto e tinha que começar de novo.
pensava que tinha que parar de se distrair, e mais uma vez era sabotado por seu próprio funcionamento, porque pensar em não se distrair não é o mesmo que não se distrair.
precisava parar.
não sabia se precisava parar de trabalhar, de dormir ou de fazer aquilo. ou de pensar naquilo em vez de trabalhar ou dormir ou fazer aquilo.
decidiu que ia trabalhar, depois dormir. se acordasse mal, ainda faria, uma ultima vez. isso o confortou, ao menos não era uma decisão extrema.
enquanto trabalhava pensava na ultima vez que faria aquilo com uma ansiedade quase infantil. pensando nisso, não terminava.

acabou não terminando nunca. mas, mesmo nunca mais dormindo, sonhou para sempre com o que ia fazer quando acordasse.

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