segunda-feira, 4 de março de 2013

The Romantic Self

Dia inteiro em casa, primeiro beck às 18:00, tendo acordado ao meio dia. As sensações se empilham de um jeito maluco, e eu, achando que estou consciente do mundo e das coisas acho também que estou consciente do fato de que a minha grande epifania é talvez uma consequência do fato de que o beck causa epifanias.

Mas o beck não causa epifanias, ele causa a sensação de epifania. Ou seja, o que eu descobri sobre o que eu ia escrever agora provavelmente não passe de uma reflexão mediana normal a respeito do mundo, mas para mim ela teve magnitude suficiente como para causar dor física, compreendam o que quiserem.

Enquanto releio os dois primeiros parágrafos o nosso querido preferido máster do mundo em termos de cama no momento diz oi, e faz uma piadinha interna linda sobre o fato de estarmos a dois bairros de distância, ele impossibilitado fisicamente de sair de casa e eu impossibilitada moralmente de ir até a casa dele porque simplesmente não dá (não suporto a irmã, falei), e o meu coração se enche de uma urgência física inexplicável de dar um beijo na tela, na direção da tela. É físico. É como se ele estivesse na minha frente.

Aí ele diz que quer dormir comigo, e eu choro. Ele diz com voz de doentinho, que fique claro. Eu choro de pena (de nós dois) e de saudade e claro que de culpa. E de muita vontade.

***

Tive uma conversa comigo mesma agora que não valeria a pena tentar descrever, embora talvez fosse elucidativo para mim. Eu culpo a presença da irmã dele. Mas poderia ser a mãe. Amigos? Tenho medo de que me julguem por estar iludindo ele. E também não tenho saco pros papos. E, importantíssimo, estou menstruada (além de tudo ele tem um sofá novo, não posso mesmo manchar, ainda mais que ele está lesionado demais para lavar a própria roupa, que dirá lençóis).

Mas só de pensar em deitar do lado dele me vem um nó delicioso na garganta, uma saudade pulsante, uma coisa visceralmente dolorosa que não passa nunca. Eu terminei com ele e nunca passou. Essa conexão continuou até o fim, o tempo todo. Será que em dois anos passa? Não pode ser amor com esse monte de porém que eu boto, isso seria ridículo. No entanto, não passa. Claro que nunca vai ser monogâmico, mas com os outros passa.

***

Tudo isso porque o meu pensamento inicial era o de que havia uma área da minha personalidade dedicada a ser romântica, no sentido literal mesmo, voltada para o romance amoroso. E que eu gosto de ser assim, de exercer isso. É gostoso.

Afinal, o que é o amor? E o que é o que a gente faz por amor? Eu teria que aguentar a ignorância e o machismo da família dele, e a falta de perspectiva do próprio, para poder dizer com propriedade que o amasse? Tenho que não poder dizer que amo ele só porque não quero, não me faz bem namorar com ele, casar com ele? Ao mesmo tempo, essa vontade de ficar perto que dá... Eu disse, porque achei pertinente. Sim, esse é o motivo. Porque ele tinha que saber que se não tivesse ninguém eu ia. E aí talvez ele estude e consiga um emprego decente e não fique numa ruim. Sei la se ele ta numa ruim, mas disse que tava. Enfim, foi um incentivo. Mas eu amo ele mesmo.

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