mas o quê de tão íntimo? eu fico com vergonha, sim, mas, de fato,
as pessoas são tão mas tão diferentes assim de mim? digo, eu sempre pensei que
as coisas sobre as quais eu escrevia aqui eram coisas que todo mundo pensava
mas não queria falar, ou até queria falar mas tinha vergonha, ou mesmo que não
pensasse igual entenderia que é uma questão de natureza humana. eu gosto de ser
explícita, mas meus assuntos são razoavelmente leves (ainda mais se tu comparar
com o lars e com irreversível e tal). e bom, aqui é onde eu sangro. eu não sou
assim o tempo todo. aliás, ninguém deveria ser. aqui é onde eu largo a bola de
pelos. e ela precisa sair, senão eu morro engasgada.
(ontem mesmo eu me disse que não ia mais
escrever pra ver como eu conseguia lidar com a minha vida sem ficar narrando e
olha, teve quase o efeito contrário, passei o dia, devo ter escrito, sei lá,
umas cinco mil palavras já (essa época dos hormônios em fúria é um saco,
sabe--ainda bem que agora eu tenho um pouco mais de filtro--trabalho que é bom azar))
and now, for something completely different:
a nossa, agora, é uma interação
metafísica sob camadas de nuvens com palavras soltas inseridas em outros
assuntos em letras de músicas em cliques soltos em coisas tão pequenas que eu
duvido que sejam de verdade. queria mesmo que percepção fosse realidade, porque
aí eu podia pensar nelas e me sentir menos alucinando. mas percepção é só a
minha realidade. sabe-se lá o que ele percebe. eu lembro quando a gente começou
a interagir que eu achei que era tudo trova ativa e ele tava só jogando verde
sem nenhuma fé e não soube daonde eu vim quando eu apareci correspondendo
àquela trova toda (nunca mais vou esquecer que quando eu convidei ele pra dormir
comigo ele disse "sério?"). hoje, de vez em quando ele me
deixa entrar, eu e todo mundo que tá aqui fora. mas eu fico com a impressão de
que ele faz de propósito, de que ele faz pra mim. em dias de chuva eu lembro da
vez que ele me disse que gostava de transar com relâmpagos porque ficava com um
astral meio épico. com tudo que eu achei a imagem idiota na hora, dá saudade quando chove do mesmo jeito. agora parece que eu finalmente consegui afastar ele de gostar de
mim, mas eu sinceramente preferia não alucinar farpas (eu devia mesmo era parar
de espiar... vou chegar lá). meu grilo falante continua me dizendo pra não
pensar nele, que o que ele fez com a de antes ele fez comigo e vai fazer com a
próxima, que aquele amor incontrolável nada mais é que desejo de atenção, que
ele gosta de se livrar dos conflitos e levar mãozinha na cabeça. e cara, god
only knows como isso é verdade. mas eu vi ele de tão perto que eu vi um guri
largado naquela BADERNA NOJENTA que ele chama de casa, e agora eu apenas
preciso saber como ele tá, do jeito que der. talvez pra sempre. tomara que não.
mas enfim, por mais que me coce a garganta, ver que ela ainda tá lá pelo menos
me diz que ele tem com o que se distrair, e me deixa fundamentalmente feliz,
ainda que extremamente desconfortável. eu ainda sonho com eles. minha libido tá
a sete palmos por causa desse remédio de merda mas com eles se pegando naquela
festa eu ainda sonho.
eu devia estar pensando na minha vida.
quero mudar de emprego de novo. graduação a essa altura é piada. virar mendiga
na europa cada dia soa mais bem. mas pensar nessas coisas é difícil e confuso.
é mais fácil pensar nele, óbvio. ainda que não seja.